30.11.15

Devolvidos quase 5 anos depois

Levar o animal de uma família embora é tão triste quanto assisti-lo morrer. E, de certa forma, há uma morte: sem entender nada, a ansiedade da caixinha de transporte balançando dará alugar à tristeza e ele nunca mais será o mesmo ― você, entendendo tudo, também não. Eu resgatei o Feijão em março de 2011, esfomeado e assustado, e doei junto com o Luigi, de uma protetora do litoral.


Aos 18 anos, Natalia e Arielly prometeram que os encaixariam em todas as mudanças que a vida reserva aos jogadores novatos. Quatro depois, porém, decidiram jogar separadas. Natália voltou para Brasília e Arielly foi morar com uma prima que não gosta dos bigodes porque enchem o jaleco de pelos. O amor se restringiu a um quarto e seis meses de prisão. Feijão começou a perder pelos por estresse e Luigi parou de comer, tendo lipidose hepática.


Eu ofereci ajuda, prática e emocional, mas as pessoas reagem diferente às adversidades: umas arregaçam as mangas e vão para o mundo, outras se encolhem e deixam o mundo vir para cima. Natalia topou, então, recebê-los em Brasília. A rede do Facebook conseguiu o dinheiro das passagens de avião, em menos de 48 horas, e dois corações de pudim para tomar conta dos meninos na cabine, salvos do risco de morte no porão.

Na véspera do embarque, porém, o pai dela mudou de ideia e os bichanos tornaram a ficar sem lar. Ao final da reunião do bazar de Natal do AUG, eu pedi arrego à Susan: ofereci a grana arrecadada em troca de um quartinho no Mamãe Gato, para que eles não entrassem em depressão no abrigo. Ganhei 20 diárias (o triplo do que poderia pagar), porque o hotel lota para as festas de fim de ano. E ajuda com a divulgação da ONG, que tem a maior vitrine de adoção do Brasil. :)

Toda manhã, a gente escolhe como vai gastar nossa energia. Em vez de sentir mágoa, criticar os outros ou me culpar, prefiro deixar o mundo melhor. Hoje, para deixar o mundo melhor, estes gatinhos precisam de uma família. Nosso prazo é curto, eles não são filhotes e estão bastante tristes. No hotelzinho, Feijão se recusou a sair da caixa de transporte e Luigi se plantou na porta, procurando, entre fuzzz, uma brecha para voltar para casa.






Os tutores devem ser pacientes e acreditar no poder de transformação do carinho nas orelhas. Os peludos gostavam de sachê, de olhar a paisagem da janela, de dormir abraçadinhos. E podem voltar a gostar. Se você mora em São Paulo e está guardando a última vaga do coração para um caso especial (ou dois), chegou a hora de preenchê-la! A lotação já atingiu o limite? Por favor, compartilhe.

Nós precisamos recomeçar.

17 comentários:

  1. Aii que dó!!
    Minha gata tem 16 anos, está magrinha doentinha, estou com coração na mão, tenho tanto medo de perder, imagine abandonar as duas bolinhas de pelo após 5 anos, são pessoas sem amor.

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  2. Eu Morro com histórias assim...

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  3. Bia, que triste!!! Agora chorei...

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  4. Eles são de que cidade?

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  5. São Paulo, Amanda. Acrescentei a informação no último parágrafo. Obrigada! :)

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  6. Eu sei o que é estar na ponta do "voce agora mora comigo - e eu não quero saber de gato aqui" - em 2012, quando tive que voltar a morar com meus pais em um ap de 2 dormitorios, a minha Zilá foi o pomo da discórdia: minha mãe, que jamais teve bicho, não queria nem aventar a hipotese de ter um gato, ainda mais um que ficasse DENTRO de casa.
    A minha posição foi simples : "se ela não pode ficar aqui, eu também não posso". Muita briga, negociação, aquisição de um aspirador potente e alguns anos depois, a Zilá é o xodó da casa e tem uma relação de xamego com a minha mãe que é incrível.
    Não consigo entender pessoas que não entendem que ao adotar um bicho, assumem com eles o mesmo compromisso que assumiria com seus filhos: amar, cuidar e proteger, pela vida toda.
    É difícil quando você depende de um terceiro para garantir a moradia, e ter que depender das regras dele? Claro que é! Mas não é desculpa pra devolver os bichanos...

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  7. Beatriz, é impossível eles virem para o interior?
    Moro em Marília-SP.
    São duas gatinhas ou dois gatinhos?
    A minha vovó Tica morreu com 15 anos.
    Ficou só a Bia com 3 anos.
    Moro em casa com quintal de terra.


    celiavanin@gmail.com
    14-3433-2602
    loucura né? São 500 kms.....
    quem poderia trazer?
    a Myriam Baraldi me ajudaria fazer a adaptação.

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  8. Eu sei que não é bom um leva e trás de famílias, mas se caso acontecer deles não tiverem mais lugar pra ficar, a curto prazo posso dar um jeitinho.

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  9. Não consigo dizer nada 💔

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  10. Marcela Martins1.12.15

    São castrados? Tem test de fiv e felv? Vc está em qual lugar de São Paulo? Quero conhece-los.

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  11. Anônimo1.12.15

    Que triste.. tadinhos... dá vontade de pegar.. mas eu estou sofrendo com a perda do meu gatinho.. que se foi dia 28/11/15... e minha casa não tem tela nas janelas.... e não moro sozinha no quintal.. ah que triste.. vê os bichinhos assim.. :(

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  12. Dois gatinhos, Maria Celia. O ideal seria doá-los por aqui para poder acompanhar a adaptação de perto. Vou te escrever pelo Gmail, ok?

    Me passa seus contatos, Heloisa?

    Eles são castrados e vacinados, Marcela. Estão no hotelzinho Mamãe Gato, na Vila Mariana: www.mamaegato.com.br. É só ligar lá e combinar com a Susan.

    Sinto muito pelo seu gatinho, Anônimo. :\

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  13. Anônimo1.12.15

    Quem foi o fdp que fez aquilo com o face?
    Tem como investigar?
    Se bem que dá pra imaginar quem foi...

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  14. Anônimo7.12.15

    Que droga!!! não sei se sinto mais dó dos gatos ou raiva de quem abandonou.
    Simplesmente,revoltante.... (lágrimas)

    Paty, Lola e Manolo

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