Preparado para deixar para trás, às pressas, a história de uma vida inteira acho que ninguém está. Mas a gente pode minimizar o impacto da tragédia seguindo as recomendações de especialistas. Eu cheguei a escrever sobre incêndio e animais, numa época em que provavelmente fracassaria tentando salvar dez gatos, e achei importante retomar o assunto agora, quando mais de 9 mil bichos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul ainda esperam por resgate.
ANTES
Jackson Galaxy, o mestre do comportamento felino, tem um checklist para gateiros:
Mantenha as caixas de transporte no ambiente
Assim os bichanos não estranharão o cheiro diferente e entrarão sem resistência. Fora que ninguém merece ficar procurando as ditas cujas no fundo do armário mais alto com o prédio pegando fogo ou alagando!
Bloqueie espaços inacessíveis
Isso vale para qualquer lugar de onde você não consiga tirar o peludo em caso de emergência.
Adote a alimentação por refeições
Acostumar seu amigo a ter horários para comer cria uma rotina que facilita o manejo em situações de estresse.
Identifique o gato
Galaxy recomenda o microchip, para que qualquer pessoa ao encontrá-lo acesse suas informações indo a uma clínica veterinária com leitor. Mas essa prática ainda não é popular no Brasil, então sugiro a boa e velha coleira com plaquinha de identificação ― escolham um modelo de elástico, que solte se bicho se prender, evitando o enforcamento.
Tire uma foto da carinha dele
Se precisar fazer um cartaz de "procura-se", ter as características bem destacadas facilitará o reconhecimento.
Separe uma pasta com documentos importantes
Receitas médicas, exames impressos e carteira de vacinação precisam estar à mão ― seus documentos também, né? rs
DURANTE
Galaxy sugere que se cubra a caixa de transporte com um cobertor para restringir a visão do caos, evitando a superestimulação, e explica o que colocar em um kit de emergência:
Objetos com cheiros familiares
O cobertorzinho do gato e uma blusa usada sua, por exemplo, já ajudam o pequeno a se sentir menos inseguro no lugar para onde vocês forem.
Petiscos
Se ele parar de comer, ter sua guloseima favorita pode quebrar o jejum ― e a evolução para um quadro de lipidose hepática.
Brinquedinhos
Em situações adversas, brincar com seu amigo é uma estratégia para mudar o foco.
Feromônios sintéticos
Na verdade, Galaxy indica seus produtos holísticos, mas os feromônios sintéticos têm eficácia científica, porque mimetizam os naturais, que os bichanos soltam quando estão à vontade, aumentando a sensação de bem-estar.
O pessoal do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad) alerta, ainda, que deixar os peludos em correntes, caixas, canis ou baias os torna presas fáceis para a água em rápida elevação ― se não puder levá-los junto, o melhor protocolo é soltá-los para que usem seus instintos naturais de sobrevivência.
E não esqueça de desligar aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, até para conseguir recuperá-los depois, em caso de alagamento ― os cursos de Engenharia Elétrica e de Controle e Automação, da Universidade do Vale do Taquari (Univates), fizeram uma cartilha com o passo a passo.
DEPOIS
Juliana Damasceno, doutora em Psicobiologia, ensina como lidar com gatos traumatizados:
Isole o bichano em um cômodo
O ideal é que o local esteja com baixa iluminação e sem rotas de fuga.
Bloqueie refúgios vulneráveis
A dica de impedir o peludo de ficar inacessível também vale aqui.
Crie refúgios seguros
Qualquer caixa de papelão já cumpre a função.
Não force o contato
Gato assustado pode agir de forma agressiva ou congelar e ambas as situações agravam o estresse, prejudicando ainda mais seu estado de saúde.
Ofereça alimentos palatáveis
Aqueles que você colocou no kit de emergência, lembra? Coloque perto do esconderijo e saia do cômodo.
Evite fazer barulho
Entre no ambiente de maneira cautelosa e o mais silenciosa possível, mantendo-se agachado, e falando baixo, em tons agudos.
Separe os recursos
Posicione a caixa de areia do lado oposto à comida e à água.
Tenha paciência
Pode levar um tempo para seu amigo se sentir confortável de novo.
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ResponderExcluirMuito valiosas as dicas. Fico preocupada pensando na quantidade grande de cães que conseguiram ser resgatados e muito menor o número de gatos porque devem estar escondidos, apavorados. Espero em Deus que as equipes de resgate os alcancem.
ResponderExcluirTenho acompanhado o trabalho da Gattedo, eles estão fazendo um trabalho incrível com os gatos no RS
ResponderExcluirMaravilhoso esse compêndio de informações. Obrigada, Gatoca!
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