Salva-vida de libélulas interioranas e dona de uma geladeira que não vê carne há quase 17 anos, com um pequeno intervalo para o teste fracassado de alimentação natural caseira dos bigodes, eu não tinha ideia de como ilustrar o post em questão até trombar com esta foto da Chocolate no arquivo.
Sim, ainda uso um caderno de papel para preparar pratos especiais, que nem veganos são (vou fazendo as substituições de cabeça), porque ganhei quando minha mãe morreu, para ajudar na estreia forçada na cozinha. Junto com as receitas da Rose e a letrinha da Lelê, família que escolhi para a vida, incluí um lendário passo a passo de arroz, duas décadas atrás!
Este texto, porém, fala de futuro (ainda que de gosto duvidoso): sabiam que na Europa já se vende ração para gato à base de insetos? O veterinário Carlos Gutierrez explica as vantagens e desvantagens, comparando com a dieta Barf (crua), outra novidade na gringa, e a alimentação natural, que a gente conhece mais por aqui.
Pode parecer bizarro, mas inseto é uma das presas dos bichanos selvagens, representando 6% do cardápio diário — por isso chamam de alimento instintivo. E, para satisfazer as necessidades calóricas, eles precisam comer menos grilos e baratas do que frango. Eu arriscaria? Não sei e não tenho de pensar sobre isso agora porque nem vende no Brasil. 😂
Comecemos pelas vantagens, então: de acordo com os estudos linkados na descrição do vídeo do vet espanhol, as rações feitas de insetos têm alta digestibilidade e valor nutricional (ricas em proteínas, energia e, dependendo da criatura asquerosa, gordura), além de grande quantidade de fibras, no caso das carapaças.
Elas também provocam menos impacto ambiental, já que sua produção demanda menos recursos naturais e emite menos gases do efeito estufa. Só que a composição varia de acordo com a fase de desenvolvimento do inseto (larvas, por exemplo, são bem mais nutritivas), precisa balancear os aminoácidos, faltam estudos para avaliar possíveis riscos causados pelos agrotóxicos e nem todo gato curte.
A Barf, abreviação em inglês para "comida crua biologicamente apropriada", é bem mais palatável, hidratada e igualmente de fácil digestão — dizem que o cocô fica até mais compacto. Por outro lado, às vezes deixa a desejar na formulação, custa mais caro, dura menos e não só o peludo como os humanos estão sujeitos a contrair bactérias que não morrem no congelamento, como a salmonella.
Esse problema se resolve com a alimentação natural comercial, adequadamente balanceada e tão gostosa, hidratada e eficiente na compactação de cocô quanto, embora também estrague rápido e pese no bolso. Eu provavelmente continuaria optando por ela, mas adoraria uma versão feita em laboratório, sem sofrimento animal.
O Grande Dilema: pessoas tornam-se veganas porque repudiam alimentação baseada no sofrimento e morte de outros seres. Só que existem muitas criaturas geneticamente programadas para alimentarem-se de outras. Trazemos algumas para nossas casas. É mais fácil aceitar a morte de insetos?
ResponderExcluirRegina Haagen
Eu queria entender porque tem várias marcas e tipos de ração que não chegam aqui, mesmo de empresas que já vendem no Brasil. Tenho uma colega na França e lá ela acha muito mais opções. Inclusive de ração úmida.
ResponderExcluirUm amigo Vet dos antigos, já era aposentado quando o conheci, me disse uma frase que jamais esqueci: "ração existe para conforto do dono de pet e clientela do veterinário."
ResponderExcluirCertamente insetos causam menos empatia, Regina. Mas o veganismo é sobre "excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e crueldade com animais", segundo a definição da Vegan Society.
ResponderExcluirIsso significa que, diferente dos gatos, carnívoros estritos, a gente pode escolher não comer bichos — até porque o problema está na criação extremamente cruel, tanto para carne quanto para leite e ovos. Na natureza, o predador sente fome, caça aquela refeição específica e a presa morre sem sofrer anos de confinamento e tortura.
Se não existissem cães e gatos passando fome e frio na rua, aliás, a gente não deveria tirá-los de seu habitat — comprar animais de raça, então, nem pensar!
Sobre as rações gringas, pela experiência da minha irmã, que trabalhou em uma empresa gigantesca de alimentos, eles vendem produtos de qualidade inferior aqui e cobram muito mais caro, porque a gente é trouxa. rs
Acredita que já ouvi relatos de tutor que parou de dar a comida mais saudável para o gato porque o cocô ficava mais fedido, Cris?