10.9.15

Salvo pela metade

Uma pessoa normal termina a aula de ioga, troca de roupa para almoçar com a amiga que veio da Espanha, vê um gato na rua se desesperar com dois cachorros gigantes e segue viagem zen, arrumada e no horário, acreditando que São Francisco dará um jeito no babado.

Esta jornalista estanca o carro, se põe a conversar com o frajola esgoelando na árvore (os cachorros já estavam longe), caça um adolescente de uniforme escolar para ajudar, trepa nas costas do coitado e demora cinco minutos para descolar todas as garras do bichano do tronco.


No chão, enquanto o adolescente se despede sem entender muito bem o que aconteceu, ganha esfregadas, cabeçadas e mais gritinhos do peludo, que não era castrado, mas parecia bem cuidado. E sai com a criatura debaixo do braço, atrás de um possível dono.

Os vizinhos aposentados já assistiam ao show do portão. E todos apontam o clube, que abriga uma colônia inteira de gatos dóceis, como seu local de origem. Resignada, ela devolve o pequeno sob a porta mastigada pelo tempo, certa de que São Francisco não dará um jeito no babado.

4 comentários: