Dona Hérlia é uma senhora negra, de sorriso largo. Trabalha como diarista de manhã para poder cuidar dos netos à tarde. E tem duas gatas que adoram tomar sol na calçada, obrigando os pedestres a desviar. Dona Helena mora em uma das muitas construções inacabadas do meu novo bairro ― extensão de uma favela. Fumante, compensa nos adereços os dentes que lhe faltam na boca. E tem um rottweiler chamado Osíris, que julga sem balança quem pode atravessar o portão.
Nossas histórias se cruzaram por causa de um pretolino ronronante, que interrompeu minha caminhada até o marceneiro na semana passada, se atirando sobre os sapatos de barriga apontada para o alto. Preocupada com tamanha doçura dando sopa na rua, eu bati palmas na casa em frente e dona Hérlia apareceu de lenço no cabelo. Lázaro fora abandonado com uma ninhada inteira, cujo paradeiro ela desconhecia. E, por falta de grana, ainda não era castrado.
Surpresa de não precisar gastar meu latim explicando os benefícios da cirurgia, eu me despedi decidida a remediar essa situação. E consegui duas vagas para entrar na faca, por falta de uma. No domingo, saí então tocando as campainhas do entorno até encontrar a dona Helena, mãe da Carol, que também tinha um pretinho básico para operar, o Ganglere.
Nenhuma delas podia me acompanhar na via-sacra até São Paulo, mas ambas fizeram questão de oferecer ajuda com a gasolina. Eu recusei. Não há dinheiro no mundo que pague o prazer de andar pelo bairro sem tropeçar em farrapos de vida. Neste Dia de São Francisco, eis o meu presente ― que ele provavelmente já sabia que ganharia. :)
ai ai ai ... a gente lê e chora!!! Ai Francesco, valeu pelo post da Beatriz!! Mas manda junto da próxima vez o prêmio da mega pra essa nossa amiga bem feitora vá? manda... loteria federal?? pode ser!! rsrs brincadeiras à parte, é uma alegria saber no mundo gente como essas pessoas que apesar de tudo ainda tem tempo pro próximo, mesmo que o próximo seja um animal (sem demérito nisso) mas por não falar o mesmo idioma, podia dar confusão. Feliz fim de dia pra vocês!!!
ResponderExcluiraaaaah, eles não estão pra adoção. :'(
ResponderExcluirbom pra eles. me devolve o marido, então.
rs
Os pretolinos merecem! Parabéns!
ResponderExcluirLinda história com final feliz!
ResponderExcluirBeijos
sabe Bia,quando a gente tem uma missão,nao importa pra onde a gente va,pode se mudar de casa,de bairro,de cidade,e ate de pais,q as missões nos perseguem onde quer q estejamos...nos protetores de animais,somos como anjos,q estamos na Terra,para auxiliar os animais...Parabéns por continuar ajudando os animais...abraço...DA GATEIRA DE CURITIBA><JAMILE
ResponderExcluirpoxa! viva Chico! Ilka
ResponderExcluirE viva Bia! Ilka
ResponderExcluirGanhar na loteria sem jogar seria ótimo, Elaine!
ResponderExcluirO marido chegou direitinho, Má? rs