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31.1.18

Gata de cura

Conversas esotéricas geralmente me fazem bocejar. Mas eu acredito no poder dos bichanos de filtrar nossas nhacas. Há três anos, ouvi que o curandeiro da casa sempre tem o maior bigode e o da Pimenta quase forma um coração, com as pontinhas prestes a se juntar lá embaixo.

Quando a gente senta no sofá, doente, mal-humorado ou só desanimado mesmo, ela vem pertinho, encosta a cabeça na nossa, dá umas patadas e o mundo parece entrar nos eixos ― depois a criatura se põe a lamber o creme para cabelos cacheados, mas vou omitir esse detalhe para não estragar o clima do post.

26.1.18

Upgrade

Em cinco meses, o gramado dos bigodes virou uma floresta com ecossistema próprio. E, como ele é pequeno demais para fazer o cortador de grama passar na frente da sorveteira na lista de desejos, eu tive de apelar à tesoura de papel ― que também já usei para aparar o cabelo.

Foram 40 minutos de trabalho tibetano, que renderam olhares incrédulos dos peludos e me colocaram em um patamar inédito de ser humano: o que combina adaptabilidade e obstinação.

19.1.18

Calendários que viraram castração

Lembram que eu prometi enviar cartinhas pisoteadas pelos bigodes para quem comprasse os calendários do Celebridade Vira-Lata, que já esterilizaram 10 mil cães e gatos de comunidades de baixa renda? Dois deles foram postados ontem no correio! Bárbara Santos e Eliane Bortolotto, abram espaço na mesinha. :)

Marina Kater-Calabró já tinha recebido o dela com aperto-presencial. E Amanda Herrera e Gabriela Fromme ganharam de presente de aniversário e salva-vidas, respectivamente. Restam só cinco unidades (R$ 25 + frete ou visita a Sorocaba): contato@gatoca.com.br.

Quem topa despiorar o mundo com a gente?

17.1.18

Vidência felina

Gatos têm poderes premonitórios, vocês provavelmente já repararam. Basta colocar a mesa do almoço que eles acertam onde a gente vai sentar e se esparramam na cadeira antes. Isso serve também para a sessão de filme com pipoca no sofá, o trabalho no computador, o travesseiro na hora de dormir.

12.1.18

Caixa de madeira DIY e sincronia

Na esperança de se livrar da favelinha de papelão dos bigodes, Leo construiu este loft de madeira gourmet super premium, com as ripinhas que sobraram de um outro lance "faça você mesmo". A ideia do post era contar que os pequenos adoraram o espaço arejado, com vista para a horta alagada, e incentivá-los a reviver o prézinho das esculturas com palito de sorvete.

Mas, no momento do clique, Pimenta e Guda me deram este Pulitzer (um dos maiores prêmios de fotografia do mundo) e resolvi escrever sobre como estar no lugar e na hora certos muda a vida da gente. Parem para pensar: quantas coisas precisaram se encadear para que vocês chegassem até aí? (Esse "aí" pode ser um local, uma carreira, um estado de espírito.)

Se me dissessem que eu teria um projeto com animais, há 15 anos, eu ficaria dividida entre cair na gargalhada e fazer cara de nojinho. Mas existiu um (ex-)namorado, e uma gata comunitária, e o Mercv, e a dona Lourdes, e o Adote um Gatinho, e vocês. Às vezes, demora uma eternidade para ligar os pontos. Resta a certeza, porém, de que todo esforço contrário é absolutamente inútil. :)

Abracem seus pacotes! E os companheiros-quadrúpedes de viagem também.

10.1.18

Gatos são 3D

Diferente dos cachorros, que se contentam com o chão, os bichanos ocupam também as alturas. E todas as latitudes de uma casa.

5.1.18

Todos nós já fomos ignorantes

Lembro de quando ouvi alguém dizer que jogava o granulado higiênico dos gatos na privada e resolvi fazer o mesmo, 12 anos atrás. Só que o granulado que eu comprava era de argila, misturado com xixi e cocô de dez bigodes. Dez. Bigodes.

E a massa que entupiu o vaso não se desfazia de jeito nenhum. Cheguei a testar gravetos de tamanhos diferentes do jardim, resultado diretamente proporcional à perda da minha dignidade. Quando alguém fizer uma pergunta ou pedido cretino, portanto, busquem esse momento dentro de vocês ― principalmente quem atua na causa animal.

E vivamos em paz. :)

29.12.17

2017

Foi um ano de fazer caber. A saudade do Simba na rotina da casa. O sonho de mudar para Sorocaba no orçamento de jornalista freelancer. Nove gatos no gramadinho decorativo do quintal. A missão de deixar o mundo melhor no intervalo das notícias desanimadoras.

Em 2017, Gatoca conscientizou milhares de leitores sobre a importância de adotar uma duplinha, de não cair na armadilha da aparência, de experimentar a alimentação natural, de insistir na ração úmida (com dicas supimpas de adaptação), de aplicar soro subcutâneo em renais, de não antecipar o luto, porque cada bicho reage à doença de um jeito.

Também ensinou a acertar no brinquedo e no arranhador, usar os poderes do alecrim, recuperar gato perdido, se livrar dos pelos (ou parte deles), respeitar lagartixas, evitar vômitos, não surtar com micose, escolher o melhor granulado higiênico (com a avaliação de 119 leitores!), socializar bichanos ariscos (ou muito medrosos), comprar tecido à prova de garras, telar residência.

E mobilizou corações de pudim para que a Confraria dos Miados e Latidos quitasse um boleto salgado de veterinário, a Celebridade Vira-Lata engordasse o cofrinho dos mutirões, iniciativas que não recebem apoio do governo ganhassem visibilidade no Dia de Doar e o carnaval carioca um dia desista das plumas.

Feijão e Luigi, que tinham perdido a primeira família, finalmente se adaptaram no apartamento da Gláucia e do Ricardo. Harry Potter e Luke Skywalker ganharam cuidados especiais do Eric e seus (agora) 7 anos. E a campanha dos super-heróis do DER conseguiu lares para Wolverine, Tempestade e Mulher-Hulk ― devolvida e readotada, história que ainda preciso contar aqui.

Matilde e as super-heroínas seguem esperançando: contato@gatoca.com.br.

O gato sem boca viajou até a zona norte para entrar na faca, com sucesso. As habilidades de padeiro de ZéZo lhe renderam emprego vitalício no colo do Theo. E a familinha de ferais que Gabi e Julio herdaram na mudança foi quase toda castrada ― outro post (tragicômico) pendente.

Uma retrospectiva sincera há que registrar também a impotência. Nestes 12 meses, nós levantamos R$ 1.240 para ajudar a pagar a UTI da Pretinha, mas ela não resistiu à segunda hepatose. Brother (ex-queletinho da dona Lourdes) perdeu a batalha para o linfoma e deixou um terrário-aconchego de lembrança. E o filhote do motor do carro realmente desapareceu.

Esticando cada vez mais os parágrafos do projeto para abraçar humanos, já que não existe mundo melhor se a gente continuar pensando compartimentado, rolou em março, no Centro Cultural São Paulo, uma roda de conversa com adolescentes e, em abril, o curso "disruptivo" para meninos e meninas dos abrigos da Lapa expandida ― aproveitem e leiam o texto libertador de Natal!

E o Universo retribuiu tudo isso com paz, dias ensolarados e parcerias queridas. Pet Delícia doou 432 latinhas de patê e nos credenciou para a pré-estreia do documentário "Gatos". Gatolino mandou pelo correio um bebedouro-ostentação e transformou a Keka em folder. Redes 2000 blindou a casóca com 53 metros de tela, serviço que custaria mais de R$ 2 mil.

Rosana Rios ainda presenteou a vencedora do concurso Guardião Felino com seu livro novo. Marina Kater-Calabró me presenteou com a caneca mais maravilhosa de toda a galáxia. Deus/Gaia/Shiva/Buda/Alá presenteou Chocolate, Catrina, Clara, Guda, Gudinhas, Pandora, Mercv (1 e 2) e esta empreitada (1 e 2) com mais um ano de existência. \o/

E os bigodes presentearam vocês com as clássicas peripécias: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 ― agora também em vídeos, no Instagram Stories! Lições de vida. E amor que não precisa de esforço para fazer caber: 1 e 2.

Pode vir abundante, 2018, que a gente arruma um espacinho.


Retrospectivas dos anos anteriores: 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

21.12.17

Especial de Natal: liberte-se!

Não precisa comprar presente. Nem passar horas no fogão. Ou chegar esbaforido à festa porque teve de consertar o esmalte lascado 20 vezes. Ninguém deve se sentir obrigado, da mesma forma, a aguentar parente sem-noção. As propagandas jamais dirão, mas Natal é época de compartilhar amor.

E só.

Vale apertar a família (qualquer configuração de família), fugir para longe com x parceirx, assistir seriado rodeado de bichos, botar para tocar a música favorita de quem não está mais aqui, ajudar um desconhecido, cultivar o amor-próprio ― solitude é diferente de solidão.

E vale também misturar várias das opções acima. ❤️💚

20.12.17

Não tentem entender um gato

Eu estava suando.

Leo estava suando.

A casa estava suando.

E Keka estava embaixo do edredom.

15.12.17

Vamos arriscar o Instagram Stories!

A tecnologia evolui cada vez mais rápido e o Gatoca não quer ser o tiozão da internet. Só que esta jornalista-blogueira-protetora morre de vergonha de aparecer e precisa treinar com vídeos que somem em 24h antes de criar o tão-esperado canal no Youtube. Sigam o perfil-esquenta e deixem sugestões aqui nos comentários do que vocês gostariam de ver/ouvir em 10 segundos. :)

14.12.17

Doença renal: há vida pós-coração partido

Muita gente vem parar aqui no blog por causa dos diários que eu escrevi durante o estágio terminal da insuficiência do Simba ― para encarar de um jeito mais leve a despedida, me forçar a enxergar as pequenas coisas boas no meio do turbilhão, lembrar que fiz tudo que podia quando batesse a clássica culpa.

Foram 33 dias bem difíceis: rápidos para a vida virar lembrança, sem textura nem cheiro, intermináveis entre medicações, soro e alimentação forçada. Mas a primeira vez que meu coração se partiu por essa doença foi com a Pipoca, há cinco anos e meio. E ela continua desfilando sua arisquice por aqui ― sobreviveu, inclusive, a uma colite.

Sim, a ração é especial, a branquela come patê toda manhã para aumentar a umidade da dieta, toma água na seringa, homeopatia, repete o hemograma com função renal anualmente. E sei que, a qualquer momento, reviverei aquele filme de terror. Enquanto isso, porém, enxergo o coração partido passeando animado pela casa e sorrio.

Cada animal reage de um jeito ― não antecipem o luto. Este exato momento, do cafuné com olhos fechados, da corridinha desajeitada, do sono barulhento, é só o que importa.



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8.12.17

Gatoca e Celebridade Vira-Lata juntos pela causa

Foram quatro rodovias e cinco pedágios para buscar os calendários na casa da Luli Sarraf. Produzidos com um amor que transborda há quase nove anos, eles financiam os mutirões de castração que já beneficiaram 10 mil cães e gatos de comunidades de baixa renda em São Paulo ― e até ajudaram a gente no mutirão do DER.

Para chegar nas 100 mil cirurgias (e diminuir o número de bichos que sentem fome, frio e medo nas ruas), nós contamos com vocês! Quem comprar o calendário pelo Gatoca ganhará uma cartinha de agradecimento escrita por mim e pisoteada pelos bigodes. Eles custam R$ 25 (+ frete ou visita a Sorocaba, rs) e são só dez unidades exclusivíssimas: contato@gatoca.com.br.

Não, a Chocolate não está à venda.

6.12.17

Gatarctica

Nós viemos aqui para comer ou para conversar?


(Fui pesquisar a data desse comercial da Antarctica e estou até agora tentando entender como me lembro dele, rs.)

1.12.17

O latifundiário do meu coração

Quando Mercvrivs* chegou em casa, eu não gostava de bicho. E ele foi se esticando. Ocupou o estômago e me fez vegetariana. Desceu para os rins e me ensinou a reciclar ― lixo e relacionamentos. Subiu, então, para o fígado, onde o Gatoca começou a ser metabolizado. E logo alcançou os pulmões, que finalmente respiram aliviados no interior. Para se esparramar pelo coração foi um pulo.

E de cá nunca mais saiu.

Quando Mercvrivs chegou em casa, há 12 anos, eu achava que não gostava de bicho.


*Novelinha: Conheça a história do Mercv