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5.7.17

Se nada der certo...

Eu ainda posso ser escritora de diários de papel. Inventora de nome de esmalte ― ou de operações da Polícia Federal. Crítica de trabalho alheio. Organizadora de papelada inútil. Pastora de ateus. Cantora espanta-insetos. Coreógrafa de quadrilha junina. Cobaia culinária dos amigos. Consultora de contramoda.

E poleiro de gato.


Foto de Leo Eichinger

29.6.17

Décimo quase-aniversário do Gatoca

Sim, faz uma década que eu criei este blog para escrever sobre gatos, descompromissadamente ― e só tive coragem de publicar o primeiro post 42 dias depois, por isso o quase-aniversário. Será o primeiro ano sem Simba (snif). E, talvez, sem festinha (vida em ebulição por aqui).

Mas quero comemorar em grande estilo e não há estratégia melhor do que dar o texto a vocês, que transformaram uma iniciativa de ego em um projeto de mundo mais bacana. ♥

Compartilhem boas ações inspiradas pelo Gatoca, episódios que ficaram marcados na memória, causos engraçados (porque ninguém é de ferro, né?), aprendizados que fizeram diferença. No dia dez de agosto, eu publico a coletânea-amor ― e saio correndo para chorar no banheiro.


Festinhas anteriores: 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

21.6.17

Coração de gato

Procurar imagens abstratas nas nuvens é brincadeira de criança. Adulto que se preze enxerga formas em objetos do cotidiano. E coração em montinho de gato.


Não conseguiu ver? Aí vai a sobreposição com ilustra da Marcella Briotto, que nem eu sabia que sabia fazer. rs

16.6.17

Pesadelo que não espera a gente dormir

Quando o interfone toca perto da meia-noite, a lista mental de tragédias cresce mais rápido do que as passadas para atendê-lo. E eu pensei até na irmã que vive na Suíça, porque ela poderia facilmente pegar um avião para morrer em casa. Mas como, raios, o pessoal da favela do nosso mutirão de castração descobre onde eu moro? Para completar o filme de terror, o pedido de ajuda era para este frajola, sem um pedaço da boca.


E a tutora, catadora de latinha, estava tratando o coitado com antibiótico neste barraco ― porque lógico que eu fui até lá de pijama.


Vou pular direto para o final feliz e poupar vocês de passar pela mesma agonia. O gatão foi operado pela Drª. Maria Eugênia Carretero, na Canto da Terra, que aproveitou a anestesia e já emendou a castração. Como ele perdeu parte do tecido da boca, uma carne esponjosa recobrirá a região, sem prejuízo da qualidade de vida.

O peludo também tinha uma fratura na pata direita dianteira, antiga e mal-consolidada, que só daria para consertar quebrando de novo, sofrimento desnecessário. Saiu medicado para a dor e para evitar contaminação. Ah! Como a ONG fica na zona norte e não consegui cancelar a reunião de trabalho esperada há duas semanas, mandei dona Maria José de Uber.

Agora, preciso pagar a conta (R$ 450) ― e colocar o sono em dia. Help: contato@gatoca.com.br? :)

14.6.17

Aniversariantes do mês... passado (maio de 2017)

As bigodas mais novas da casa completaram uma década. Sim, aquelas bolinhas de pelo que a Guda pariu ontem! Nestes dez anos, eu escrevi incontáveis posts sobre a arisquice das meninas, que nunca sofreram qualquer tipo de crueldade, exceto ter o acesso a minha cama vetado por causa da alergia (ironia divina) a gatos.

Quando a gente se mudou para o apertamento, talvez por falta de espaço, elas pararam de fugir das tentativas de aproximação. E até passaram a aceitar uns carinhos duros, daqueles sem piscar. Mas nunca, nem no mais otimista dos sonhos, daria para imaginar a Jujuba rolandinho sob meus dedos ― Jujuba, para quem chegou agora, é a felina assassina.


Resolvi, então, comemorar estes 3.653 dias (com 23 de atraso) eternizando os tão esperados cafunés. Se você tem um bichano antissocial, não desista. :)







*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

9.6.17

Amassador de pãozinho profissional procura emprego!

Nestes cinco meses de vida, se tem coisa que ZéZo aprendeu com maestria foi afofar um colo humano. E não precisa ser macio e quentinho, não! Ele também trabalha em taco, piso frio, laminado, gramado. Seu nome de batismo é José Zorêia, por causa da pontinha roubada por uma provável mordida de cachorro.


O pequeno apareceu na garagem do escritório do meu contador (sim, existem empresários pobres), há 18 dias, tremendo de frio e de medo. Julio e Gabi o acolheram, vermifugaram, despulgaram, castraram. Mas o coitado passa o fim de semana inteiro sozinho, vagando entre a recepção e a sala de reuniões.


E ele ama brincar! Pula alto caçando cordinha, dá cambalhotas atrás de bolinhas de papel, ronrona loucamente. Eu dirigi até a zona norte (SP) para fazer as fotografias, vocês ajudam a divulgar? :)





7.6.17

Gato e lagartixa: pode ou não pode?

Depende. Aqui em casa, a parceria funciona bem porque os Garfields não se prestam ao papel indigno de correr atrás de qualquer coisa que seja. E porque lagartixas comem insetos, solução perfeita (e ecologicamente correta) para uma vegana-alérgica como eu. Mas quem tem gato caçador deve ficar alerta, já que as bichinhas podem portar o Platynosomum concinnum, vilão da platinosomose.

Quando ingerido, o parasita provoca lesões na vesícula biliar, fígado, pâncreas e intestino, um belo estrago ― lembram da batalha da Pretinha na UTI? Entre os sintomas da fase inicial da doença estão falta de apetite, vômitos, diarreia, perda de peso e anorexia. No estágio avançado, há anemia, icterícia (mucosas amareladas), líquido no interior do abdome e aumento palpável da vesícula e do fígado.

O diagnóstico ocorre por meio do exame de fezes e, se constatada a obstrução dos ductos biliares, por laparotomia (abertura cirúrgica da cavidade abdominal). Já o tratamento é feito com medicamento, sempre prescrito por veterinário.

Atenção, portanto, sim. Neurose, jamais.

31.5.17

Cooperativa de Reciclagem Gatoca

Cansada de vender a ração do almoço para comprar a latinha da janta, eu resolvi botar os bigodes para trabalhar. A ideia inicial era investir nos malabares, mas eles conseguiriam acertar as bolinhas embaixo da geladeira e a apresentação terminaria antes de o farol abrir.

Na cooperativa de reciclagem, rola um home office quentinho e todo mundo participa. Enquanto Clara separa as caixas por textura de afiação de garra, Pufosa achata com soneca, Jujuba empurra até a passagem mais próxima e o resto critica para aperfeiçoar o processo. O orçamento doméstico agradece e o planeta também.

26.5.17

Pet Delícia: riqueza felina em Gatoca

Nestes quase dez anos, eu escrevi vários posts sobre a importância de fazer os bigodes ingerirem mais água ― na natureza eles caçam animais menores, com 70% de líquido em seus corpos, e não precisam tomar a mistura morna de poeira e pelos da tigela. Essa falta de hábito hídrico, somada a uma dieta baseada exclusivamente em ração seca, mata cada vez mais bichanos por insuficiência renal. Foi assim que eu perdi o Simba.

Depois de outubro, além do bebedouro elétrico (aquisição antiga), passei a investir também nas seringadas diárias de água e experimentei até a alimentação natural (imaginem a vegana na fila do açougue!). Essa batalha de longos 30 dias vale um texto exclusivo, mas o resumo é que só Clara e Guda aceitaram a mudança e a gorducha vomitava até o último fiapo de carne na sequência.

Com a autorização da vet nutróloga, apelei, então, à Pet Delícia, única ração úmida do mercado que a Keka consegue comer, porque não tem corante nem conservantes.


Dá para ver direitinho os pedaços de cenoura e as ervilhas.


Esta semana, chegaram as primeiras latinhas da parceria (obrigada!). 54 clecks de felicidade. ♥



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24.5.17

Oitava primavera

Não, a festinha de doação da Pandora não ocorre em maio. E, em vez de colar e blusa, nas nossas selfies comemorativas geralmente aparecem regatas ou vestidinhos. É que este ano eu fui a Sorocaba por outro motivo ― vocês saberão em breve. Só que não podia deixar de apertar a responsável pela transformação bichística mais incrível do Gatoca (história completa nos links do final do post).

A pantera está 365 dias mais ruivo-agrisalhada, de um total respeitável de 5.110, mas continua gorducha e animada. Me recebeu com cabeçadinhas no portão, latiu para quem ousou dividir o carinho, acompanhou a preparação do jantar improvisado (vegano ♥) no melhor lugar da cozinha.


E meu coração tamborilou sincronizado a cada abanada de rabo mais um ano.



Epopeia da Pandora:

:: Caixa de esperança
:: Casa de esperança
:: Nascimento da ninhada
:: Morte da ninhada
:: Devolução
:: Boletim - 28 de novembro
:: Boletim - 1º de dezembro
:: Boletim - 8 de dezembro
:: Sítio temporário
:: Doação de conto de fadas
:: Primeira primavera
:: Segunda primavera
:: Festa em Sorocaba
:: Terceira primavera
:: Quarta primavera
:: Quinta primavera
:: Sexta primavera
:: Sétima primavera

19.5.17

Culpa da chuva

Atrasada para ioga, ouço aquele miado fininho ininterrupto, que faz o coração calar no peito. Largo a bolsa no carro destrancado e saio pela rua procurando a criatura. Filhote de pelo encardido e olho esquerdo colado, em visível desespero. Tento atrair com sachê, mas ele entra cada vez mais fundo em um motor desconhecido. Deixo bilhete no para-brisa e me programo para continuar a caçada na volta.

Não há volta. O carro se foi e o pequeno também. Converso com a vizinha fofoqueira do prédio, que comenta indiferente sobre o surgimento dos miados pela manhã. E emenda, de graça, a história em que foi mordida por uma gata no cio, mandou colocarem a coitada em um saco e desovarem no Riacho Grande.

Eu poderia falar do instinto animal, explicar a importância da castração, citar a lei que criminaliza o abandono. Mas agradeci e me enfiei embaixo das cobertas. Também tenho direito a meus dias de desesperança na humanidade.

17.5.17

Bronzeamento urbano

Pelo preço de três cabeçadinhas e uma ronronada de dois minutos e meio, você pode desfilar seu charme felino na coloração dourada, como as estrelas da savana. O pacote para quatro gatos ainda inclui sessão de carinho e apertos ― promoção não válida para Jujubas e demais animais selvagens.

11.5.17

Aniversariante do mês - maio de 2017

No post comemorativo de 2016, eu escrevi sobre o lado zen da Guda*. Ela redefiniu o conceito de maternidade ao amamentar as Gudinhas por três anos, se esfrega nos meus pés quando saio do banho e vira e mexe serve de travesseiro para alguém. Mas Guda também é gata moderna.

Com uma década de vida recém-completada, estapeia bolinhas pela casa feito filhote e não há fogão ou geladeira que atrapalhem sua diversão ― o resto da gangue se limita a acompanhar com a cabeça.


*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

6.5.17

Super-heroínas à procura de esconderijos secretos

Elas são donas dos olhos que conquistaram o Facebook. Mas, por um motivo inexplicável, ainda não ganharam suas famílias de filme de aventura ― com final feliz, claro. Como o barraco em que moram provisoriamente está superlotado, publico novamente as histórias das cinco. Ajudem a compartilhar? Candidatos devem mandar um bat-sinal para: contato@gatoca.com.br.

Pegou o longa começado? Entenda aqui.


Batgirl, 1 ano
Desovada nas vielas da favela pela filha quando a tutora entrou em coma, precisa ser conquistada ― com a adoção do irmão, ficou ainda mais murchinha.


Viúva Negra, 11 meses
Encontrada quase morta em uma das intermináveis obras da cidade, adora um cafuné.


Vampira, 11 meses
Dócil e faladeira, conheceu o gostinho de ter uma família por apenas alguns meses.


Mulher-Maravilha, 9 meses
Supercarinhosa, foi resgatada desnutrida, acreditem, na feira.


Mulher-Invisível, 1 ano
Dengosa e tranquilona, corria risco de atropelamento em uma avenida movimentada.

3.5.17

O segredo de uma vida plena

Mercv descobriu sem viajar para o Tibete.

E as coisas fluem.

Enquanto as Gudinhas disputam as cadeiras da mesa de zoar, ele se estica nos almofadões. Se tem companhia, aproveita o calorzinho. No dia em que compro mamão para o café da manhã, é o primeiro a chegar na cozinha. Quando acaba, toma água com a mesma empolgação.

Nunca briga por comida. Nem por brinquedinhos ou qualquer tranqueira mundana. Adora sol (de sair fritando). Adora chuva (de ficar ensopado). Adora tardes cinzentas, passadas feito estátua no meu colo. Nenhuma preocupação ou obstáculo atrapalha seu sono.