Quando fui retirar os Frontlines doados pela Merial aos esqueletinhos da dona Lourdes e o moço apareceu segurando uma caixona de papelão, tive vontade de dar-lhe um abraço apertado e desejar feliz Natal. Hoje, chegou o banner animado que a Marta mandou fazer especialmente para o Gatoca. Não é um charme esse bigodinho piscante? :)
31.10.07
25.10.07
Açúcar e canela
Mercvrivs está com cheiro de Pretzel. Juro! E olha que tomou banho na semana passada...
Pós-operatório freak
Cada Gudinha desenvolveu um comportamento particularmente estranho após a cirurgia de castração: Kekinha anda cabisbaixa, Jujuba (ex-Vaquinho) deu para rosnar para as irmãs, Pimenta se põe a gritar e morder de hora em hora, Pipoca (ex-Pimpão) foge da gente e Pufosa finalmente resolveu aceitar carinho. Gudona, ao invés de cuidar das meninas, só quer saber que brincar de bolinha.
Equívocos que comprometem uma vida inteira!
- Trouxe os filhotes para castrar, Beatriz?
- Estão no carro, Dr. E.
- Pega primeiro os machos.
Como num conto de fadas, os dois me esperavam dentro da caixinha de transporte, outrora vazia.
- Pode colocar um deles sobre a mesa.
- Ok.
Vaquinho tomou a anestesia em silêncio e foi para a sessão de tosa, na sala ao lado, com a ajudante do veterinário.
- Bia, o E. não falou para começar pelos machos?
- Falou.
- Mas essa é fêmea.
- Ãhn?
- Me dá o outro.
- Aqui.
- É fêmea também.
- O Pimpão?!?!?
Como num pesadelo, lembrei do dia em que me contaram que Papai Noel não existia. Há cinco meses, quando os pequenos nasceram, olhamos os sexos diminutos e concluímos tratarem-se de dois meninos e duas meninas. Kekinha, a fugitiva não analisada, passou por gravata durante 45 dias (culpa do rosto com traços masculinos), até confirmarmos que era lacinho. Mas essa extrapolou os limites do ridículo!
- Os gatinhos ainda não têm cadastro aqui, né?
- Esses não, Dr.
- Fala os nomes, então.
- Pimenta, Pufosa, Keka... Pipoca e Jujuba.
- Estão no carro, Dr. E.
- Pega primeiro os machos.
Como num conto de fadas, os dois me esperavam dentro da caixinha de transporte, outrora vazia.
- Pode colocar um deles sobre a mesa.
- Ok.
Vaquinho tomou a anestesia em silêncio e foi para a sessão de tosa, na sala ao lado, com a ajudante do veterinário.
- Bia, o E. não falou para começar pelos machos?
- Falou.
- Mas essa é fêmea.
- Ãhn?
- Me dá o outro.
- Aqui.
- É fêmea também.
- O Pimpão?!?!?
Como num pesadelo, lembrei do dia em que me contaram que Papai Noel não existia. Há cinco meses, quando os pequenos nasceram, olhamos os sexos diminutos e concluímos tratarem-se de dois meninos e duas meninas. Kekinha, a fugitiva não analisada, passou por gravata durante 45 dias (culpa do rosto com traços masculinos), até confirmarmos que era lacinho. Mas essa extrapolou os limites do ridículo!
- Os gatinhos ainda não têm cadastro aqui, né?
- Esses não, Dr.
- Fala os nomes, então.
- Pimenta, Pufosa, Keka... Pipoca e Jujuba.
24.10.07
Dia de fortes emoções
Quando eu marquei a castração dos Gudinhos, ignorei que ela coincidiria com o aniversário de dois anos do Mercv*. E também não imaginava que teria de ficar subindo e descendo do carro embaixo de chuva, com os gatos balançando na caixa de transporte. O dia já começou turbulento: enquanto o primogênito ganhava sachê escondido para comemorar (e compensar o remédio da infecção de pele), os pequenos protestavam contra o jejum de focinho colado na porta da cozinha.
Almejando minimizar a ausência veterinária, eu deixei o dono da festa sapateando no quintal molhado (gosto não se discute!) e rumei para a clínica do Dr. E. Cada poça d´água atravessada detonava o coral de miados. Pufosa, Pimenta e Kekinha ainda fizeram questão de guardar o vibrato para a hora da injeção. Já os meninos merecem uma crônica à parte.
Eu passei o resto da tarde dividindo a atenção entre os Alcoolizadinhos da Estrela e o aniversariante mimado, que queria colo a qualquer custo. Para completar o caos, antes de dormir Pimpão se pôs a pular e girar sobre o colchão da sala aos berros, atirando-se contra a parede no final da performance. E toca dormir com a Chocolate para evitar que ela batesse nos desfalecidos...
*Novelinha: Conheça a história do Mercvrivs
Almejando minimizar a ausência veterinária, eu deixei o dono da festa sapateando no quintal molhado (gosto não se discute!) e rumei para a clínica do Dr. E. Cada poça d´água atravessada detonava o coral de miados. Pufosa, Pimenta e Kekinha ainda fizeram questão de guardar o vibrato para a hora da injeção. Já os meninos merecem uma crônica à parte.
Eu passei o resto da tarde dividindo a atenção entre os Alcoolizadinhos da Estrela e o aniversariante mimado, que queria colo a qualquer custo. Para completar o caos, antes de dormir Pimpão se pôs a pular e girar sobre o colchão da sala aos berros, atirando-se contra a parede no final da performance. E toca dormir com a Chocolate para evitar que ela batesse nos desfalecidos...
*Novelinha: Conheça a história do Mercvrivs
Calvície precoce
Mercvrivs filhote chegou aqui em casa anêmico, com pulgas, vermes, diarréia e quase morreu, porque a veterinária incompetente do bairro não viu nada disso. Sorte que meu espírito hipocondríaco desconfiou do seu narizinho sem cor e acabamos viajando até Utinga, onde Dr. E. (responsável pelos gatinhos do Eduardo há 13 anos) aplicou-lhe uma injeção, receitou Gatorade de limão e avisou que as chances de sobrevivência dependeriam do meu amor. Nascia uma flor de estufa de bigode.
Agora, qualquer coisinha que acontece com o peludo me faz colocá-lo no carro e correr para a clínica, do outro lado do mundo. Semana retrasada, quando percebi que ele estava ficando careca, pensei em todas as doenças que leio nas listas de discussão (FIV, FeLV, Hemobartonella), mesmo desconhecendo os sintomas. Mas era só infecção de pele. Recebi o diagnóstico no dia 16, junto com a missão de enfiar-lhe o remédio goela abaixo por 24 dias! O pior é que os banhos contra a caspa ainda não acabaram. Mercv só podia estar mesmo no seu inferno astral.
Agora, qualquer coisinha que acontece com o peludo me faz colocá-lo no carro e correr para a clínica, do outro lado do mundo. Semana retrasada, quando percebi que ele estava ficando careca, pensei em todas as doenças que leio nas listas de discussão (FIV, FeLV, Hemobartonella), mesmo desconhecendo os sintomas. Mas era só infecção de pele. Recebi o diagnóstico no dia 16, junto com a missão de enfiar-lhe o remédio goela abaixo por 24 dias! O pior é que os banhos contra a caspa ainda não acabaram. Mercv só podia estar mesmo no seu inferno astral.
17.10.07
Rifa de bigode
A idéia inicial era replicar o layout do Gatoca, montar uma tabela com 100 números e divulgar o link da rifa o quanto antes. Mas as cores do quadro da Vicky destoavam do blog e como ensinaram-me, desde pequena, a evitar a combinação de calça rosa e blusa vermelha, gastei um tempão reestruturando tudo. Também achei frio o esquema dos números. Bem que podiam ser nomes de bigodes famosos... Opa! Frajola, Garfield, Félix. Só faltavam 97. Lá se foi outro dia. Pesquisando na Internet, descobri até Muezza, o peludo do Maomé. Para completar a lista, porém, tive de abrir exceções aos gatos mutantes do Thundercats e aos grandinhos de "O Rei Leão".
― Glomer [Punky Brewster] já é demais, Beatriz!
― Ué. Um felino alienígena, Divardo.
― Aquilo não é um felino.
― Quem não quiser, não compra.
― ...
Tirei o Glomer. E encontrei 20 opções extras na literatura! Quadrinhos, cinema, séries de TV, desenhos animados serviram de inspiração básica. Se deixei algum clássico de fora, escrevam nos comentários. Acabo de descobrir uma nova obsessão!
― Glomer [Punky Brewster] já é demais, Beatriz!
― Ué. Um felino alienígena, Divardo.
― Aquilo não é um felino.
― Quem não quiser, não compra.
― ...
Tirei o Glomer. E encontrei 20 opções extras na literatura! Quadrinhos, cinema, séries de TV, desenhos animados serviram de inspiração básica. Se deixei algum clássico de fora, escrevam nos comentários. Acabo de descobrir uma nova obsessão!
10.10.07
Puxadinho
Como os dias têm sido curtos demais para a quantidade de iniciativas sem qualquer retorno financeiro em que me meti, este post cumprirá a função de "puxadinho":
* A epopéia do final de semana passado está no blog do Adote um Gatinho, sob o título "Caso D. Lourdes", com fotos dos primeiros bigodes que pegamos para adoção! Os quatro assustados já receberam um banho de Frontline da Drª. Angélica, para acabar com as pulgas e piolhos, e serão cuidados até que possam enfrentar a cirurgia de castração e as vacinas. Agora, precisamos de mais lares temporários para retirar os outros esqueletinhos da casa.
* Meg vem publicando no Mundo Miau as doações recebidas em produtos. Parece que ganhamos vários pacotes pequenos de ração, mas, pela quantidade de peludos que dona Lourdes acumulou, não vão durar muito. Aproveito para agradecer a Alice, Beatriz (xará), Daniela, Érica, Gisele, Leonice, Marisa, Silvana, Renata e Doris pela ajuda em cash.
* Alex, da Mundial Pet (distribuidora da Merial), continua batalhando remédios para os esqueletinhos. E Pedro, do Virtual Pet, ofereceu-nos um help mensal. Assim que eles mandarem os banners dos sites, acrescentarei na seção "parceiros", recém-criada para retribuir suportes assim.
* Estou terminando de montar o blog da rifa! Quem não comprar é mulher do sapo!
* A epopéia do final de semana passado está no blog do Adote um Gatinho, sob o título "Caso D. Lourdes", com fotos dos primeiros bigodes que pegamos para adoção! Os quatro assustados já receberam um banho de Frontline da Drª. Angélica, para acabar com as pulgas e piolhos, e serão cuidados até que possam enfrentar a cirurgia de castração e as vacinas. Agora, precisamos de mais lares temporários para retirar os outros esqueletinhos da casa.
* Meg vem publicando no Mundo Miau as doações recebidas em produtos. Parece que ganhamos vários pacotes pequenos de ração, mas, pela quantidade de peludos que dona Lourdes acumulou, não vão durar muito. Aproveito para agradecer a Alice, Beatriz (xará), Daniela, Érica, Gisele, Leonice, Marisa, Silvana, Renata e Doris pela ajuda em cash.
* Alex, da Mundial Pet (distribuidora da Merial), continua batalhando remédios para os esqueletinhos. E Pedro, do Virtual Pet, ofereceu-nos um help mensal. Assim que eles mandarem os banners dos sites, acrescentarei na seção "parceiros", recém-criada para retribuir suportes assim.
* Estou terminando de montar o blog da rifa! Quem não comprar é mulher do sapo!
9.10.07
Notícias do primeiro lar temporário
Lembram da Marina, que eu disse que havia escolhido abrigar um negão da dona Lourdes temporariamente? Na verdade, o bigode era menina. E agora se chama Umaga. Hoje, recebemos notícias delas:
Aqui está tudo indo muito bem!
A gatinha, que eu chamo de Umaga [em homenagem a um jogador de rugby samoano], é muito doce e carinhosa. Ela é muito magrinha, mas parece estar bem porque come, bebe água e faz muito cocô! Ela não come tanto quanto eu imaginei que comeria, mas acredito que deva fazer parte da adaptação, né?
Ela encontrou um esconderijo numa caixa de papelão, onde fica a maior parte do tempo. Mas domingo eu e ela nos entendemos finalmente! Quer dizer, ela nunca fez "fuuu", nem mordeu ou arranhou. Mas quando eu colocava a mão nela, parecia meio desconfiada. Porém, domingo nós ficamos amigas de vez! Ela ronrona e fica se esfregando em mim, parece uma doida!
Aparentemente todas as pulgas morreram naquele banho de Frontline! Viva!
Ontem, até o Gustavo [marido] fez questão de ir conhecê-la comigo! Ele já a tinha visto, claro, mas sem muito entusiasmo. Mas ontem ficou com ela um pouquinho e hoje já contou que entrou no quartinho pra pegar alguma coisa e a Umaga achou que era eu e saiu toda-toda; quando viu que não era, se afundou mais ainda no esconderijo!
Acho que está tudo indo "nos conformes". Se quiser vir visitá-la, está convidada.
Um beijo e obrigada pela oportunidade!
Marina Kater-Calabró
p.s.: uma foto da Umaga quando ainda estava com medo de mim, encharcada de Frontline, escondida atrás da mochila que fica dentro da caixa de papelão, e outra de agora, já confortável na caminha que eu instalei dentro do "esconderijo".
Aqui está tudo indo muito bem!
A gatinha, que eu chamo de Umaga [em homenagem a um jogador de rugby samoano], é muito doce e carinhosa. Ela é muito magrinha, mas parece estar bem porque come, bebe água e faz muito cocô! Ela não come tanto quanto eu imaginei que comeria, mas acredito que deva fazer parte da adaptação, né?
Ela encontrou um esconderijo numa caixa de papelão, onde fica a maior parte do tempo. Mas domingo eu e ela nos entendemos finalmente! Quer dizer, ela nunca fez "fuuu", nem mordeu ou arranhou. Mas quando eu colocava a mão nela, parecia meio desconfiada. Porém, domingo nós ficamos amigas de vez! Ela ronrona e fica se esfregando em mim, parece uma doida!
Aparentemente todas as pulgas morreram naquele banho de Frontline! Viva!
Ontem, até o Gustavo [marido] fez questão de ir conhecê-la comigo! Ele já a tinha visto, claro, mas sem muito entusiasmo. Mas ontem ficou com ela um pouquinho e hoje já contou que entrou no quartinho pra pegar alguma coisa e a Umaga achou que era eu e saiu toda-toda; quando viu que não era, se afundou mais ainda no esconderijo!
Acho que está tudo indo "nos conformes". Se quiser vir visitá-la, está convidada.
Um beijo e obrigada pela oportunidade!
Marina Kater-Calabró
p.s.: uma foto da Umaga quando ainda estava com medo de mim, encharcada de Frontline, escondida atrás da mochila que fica dentro da caixa de papelão, e outra de agora, já confortável na caminha que eu instalei dentro do "esconderijo".
7.10.07
Apelo-desabafo
Ontem, perdemos outro gatinho da dona Lourdes. Nesses 16 dias, conseguimos ração, remédios, dinheiro para pagar as consultas veterinárias. Temos usado cada minuto do nosso tempo livre (já que trabalhamos fora da proteção animal) batalhando doações, correndo com os bigodes para cima e para baixo, procurando interessados em adotá-los. Mas parece que o Barbudão está sendo mais rápido.
Abrigar um esqueletinho temporariamente não é difícil, pessoal: ele só precisa ficar separado dos bichos da casa –pode ser num quartinho, banheiro, lavanderia– até termos certeza de que não possui dodóis contagiosos. Já irá "despulgado" e medicado. Se quiserem lacinho, a gente coloca também. Nos comprometemos ainda a passar o chapéu, caso não consigam arcar com os gastos relativos à alimentação. Para tratamento (se necessário!), basta levar o peludo à Drª. Angélica, perto do Shopping Santa Cruz. Marina topou o desafio e escolheu um negão. Peçam para ela contar a experiência.
E pensem com carinho no meu apelo cabisbaixo.
Abrigar um esqueletinho temporariamente não é difícil, pessoal: ele só precisa ficar separado dos bichos da casa –pode ser num quartinho, banheiro, lavanderia– até termos certeza de que não possui dodóis contagiosos. Já irá "despulgado" e medicado. Se quiserem lacinho, a gente coloca também. Nos comprometemos ainda a passar o chapéu, caso não consigam arcar com os gastos relativos à alimentação. Para tratamento (se necessário!), basta levar o peludo à Drª. Angélica, perto do Shopping Santa Cruz. Marina topou o desafio e escolheu um negão. Peçam para ela contar a experiência.
E pensem com carinho no meu apelo cabisbaixo.
5.10.07
Aviso!
Estimados (meia dúzia de) leitores,
Não desisti de relatar as peripécias aprontadas pelos bigodes aqui em casa. Só vou deixar o pedido de ajuda à dona Lourdes mais um pouco na "vitrine" para ver se outros anjos se sensibilizam. Aí, as crônicas voltam ao normal e, semanalmente, escreverei contando em que pé está o projeto de resgate dos esqueletinhos.
Desejem-me sorte. :)
Não desisti de relatar as peripécias aprontadas pelos bigodes aqui em casa. Só vou deixar o pedido de ajuda à dona Lourdes mais um pouco na "vitrine" para ver se outros anjos se sensibilizam. Aí, as crônicas voltam ao normal e, semanalmente, escreverei contando em que pé está o projeto de resgate dos esqueletinhos.
Desejem-me sorte. :)
3.10.07
Eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui pedindo
Em um mundo perfeito, as crônicas do Gatoca renderiam acessos suficientes para que eu pudesse negociar parcerias em prol de projetos de conscientização da população sobre posse responsável de bigodes, campanhas de castração, adoção e vacinação, resgates rocambolescos. Em um mundo, perfeito, aliás, essas iniciativas nem precisariam existir, porque cada animal de estimação teria direito a um amigo fiel, comida sem restrições e dois sofás macios para estragar à vontade na vigência da vida.
Quis o Universo, porém, que alguns montinhos de ossos cruzassem meu caminho antes do sucesso do blog e cá estou eu há dez noites sem dormir direito, tecendo mil articulações para ajudá-los. Por isso, inclusive, os posts andam rareando. Tudo começou no domingo do dia 23 de setembro, quando Eduardo sugeriu almoçarmos na Paulista e eu vi dois gatinhos esqueléticos passeando pelo quintal de uma casa abandonada.
Aborrecida, desisti do programa na hora e nós voltamos a São Bernardo para buscar comida e água. Cerca de 40 minutos depois, segurando 1 kg de FIT 32 e uma garrafa pet, eu pulei o portão de ferro, montei um verdadeiro piquenique no chão de cimento e chamei os peludos. Eis que, de uma porta emendada com sacos de lixo e papelão, foram saindo vários outros felinos, seguidos por uma senhora de roupas puídas e cabelo desgrenhado, ainda mais magra.
Desde a morte da irmã, dona Lourdes passou a alimentar os bichanos com o arroz e salsicha do próprio prato, despedindo-se da ração, cara demais. Para melhorar, os folgados do bairro ainda fizeram o favor de jogar outros gatos lá, ano após ano, aumentando a família de quatro para 30, incluindo filhotes. Na trama, tem também um vizinho que insiste em envenená-los, porque almeja comprar o imóvel a preço de banana para ampliar o estacionamento.
Quando eu comentei sobre doação, a velhinha disse sentir vergonha de receber visitas no estado em que se encontrava. Acontece que a imagem daqueles corpos esquálidos de crânios gigantes não parava de me atormentar e acabei pedindo o contato da ONG responsável pelas feirinhas do Hospital Veterinário Dr. Hato. Cecília foi a primeira pessoa a acolher minha inexperiência de jornalista apaixonada por bigodes e indicar o caminho das pedras.
No dia 26, eu entreguei à dona Lourdes parte de um pacote incarregável de Cat Meal (25 kg por R$ 39) + arroz, feijão, carne moída de músculo, coxa e sobre-coxa de frango, macarrão, molho de tomate, óleo, sal, cenoura, batata, cebola, alho, tomate, ovo, ervilha, milho, sardinha, banana, limão, maçã, leite, açúcar, café em pó, farinha ― impressionante como se pode encher um carrinho de supermercado com R$ 72,77, sem comprar porcarias. E cada sacola aberta vinha acompanhada de um suspiro: "Minha filha, você não esqueceu de nada". A cabeça nem levantava, na tentativa de disfarçar a emoção.
Eu aproveitei o clima receptivo para tirar fotografias sensibilizadoras da situação. Os bichinhos não estavam apenas desnutridos. Alguns eram cegos, vários tinham o corpo sem pêlos e os olhos inchados. Havia uma branquinha com ferida nas costas e outra com as orelhas carcomidas por um possível câncer de pele. A tigrada, encolhida sobre a televisão da sala, escondia o rosto deformado, como nos filmes de terror.
Não sei de onde tirei força para clicar figuras tão tristes, que continuam me assombrando. Mas era por um bom motivo: conseguir lares de verdade para aquelas criaturas. Meia dúzia de anjos, inclusive, já se ofereceram para colaborar no manuseio dos felinos, diagnóstico das doenças, empréstimo de caixas de transporte, doação de remédios, cobertores, ração, areia, produtos de limpeza, tigelas, roupas, cesta básica. As meninas da lista Gatos iniciaram o mutirão. :)
Linha do tempo
No último sábado (29.09), Meg e Susan me ajudaram a tirar dona Lourdes da cama para levar os casos mais graves a Dr. Angélica. A tigrada da televisão havia morrido de madrugada e seu corpo jogado em um saco, rapidamente recolhido pelo lixeiro. Eu confesso que fiquei aliviada de não precisar decidir sobre a eutanásia. Se confirmassem a suspeita de esporotricose (altamente contagiosa e em estágio avançado), as chances de o tecido do nariz se reconstruir seriam pequenas e o sofrimento, enorme. Mas bateu uma tristeza por ter chegado tarde demais.
A ratinha branca está com câncer mesmo e ficou na clínica para tratamento, graças ao Adote um Gatinho. Pode ser que ela perca as orelhas. A envenenada, que dona Lourdes considera como dela e não queria deixar colocar no carro de jeito nenhum, corre risco de morte. Mas preferimos não segurá-la, pensando nos outros bichos. Quem sabe da próxima vez.
A tricolor, mais magrinha de todos, serviu de amostragem para o conjunto dos felinos: enfraquecidos, cheios de vermes, pulgas e piolhos, com problemas hormonais, alergias às picadas e intestino solto. Isso quer dizer que o organismo terá dificuldade em absorver os nutrientes. Investiremos, então, na ração super premium, já que a tarefa de enfiar vitaminas goela abaixo de um batalhão diariamente mostra-se inviável a uma senhorinha debilitada.
Resta convencê-la a permitir a boca-livre. É que dona Lourdes arremessa a comida aos bigodes como se alimentasse pombas: cada bolinha vai parar em um canto diferente do jornal. E, no segundo seguinte, recolhe tudo para não ter desperdício. Espero que seja mesmo medo de acabar e não um jeito de evitar que eles façam cocô mole pelos cômodos.
Em uma população de proporções tão grandes, aliás, estranhamos a ausência de ninhadas. Talvez, as próprias mães estejam devorando a cria quando bate o desespero da fome. Senti falta também de alguns pequeninos da primeira visita. Mas como o acesso à rua é liberado, por causa do rombo na porta principal, fica impossível controlar. Nem mesmo a velha sabia a qual bichinho eu me referia.
Próximos passos
* No sábado agora (06.10), eu escolho os três primeiros gatos que Susan preparará para a adoção. Instruíram-me a priorizar os claros e peludos. Mas e os outros critérios? Como decidir com justiça? Quanta responsabilidade...
* Na próxima semana, os dez bigodes mais fortinhos irão para a castração em Utinga, por conta do Dr. E. É bom começar a treinar a concentração para dirigir com sirenes múltiplas no ouvido.
* Vicky Dolabella, artista conhecida pela simpatia à causa, concordou em doar um de seus quadros para a rifa, que organizaremos em breve aqui no Gatoca. Separem seus trocados!
* Existe a possibilidade, ainda, de conseguir Frontline a preço de custo com a Mundial Pet (distribuidora da Merial), porque os bichinhos precisam ser "despulgados" urgentemente.
Ajuda emergencial
Apesar de a dona Lourdes passar o dia limpando as sujeiras do exército de bigodes, a casa é escura e as condições de moraria, precárias. Soma-se ao contexto a dificuldade de monitorar os bichanos, graças às idas e vindas constantes da rua, e o tabu da alimentação self service para pombos. Lares temporários, portanto, fariam toda a diferença no tratamento. Alguém se habilita a acolher um amigo fragilizado?
Idéias fantásticas, doações diversas, auxílio na divulgação, palavras de carinho ou serviços voluntários também renderão sorrisos e agradecimentos repetidos à exaustão. Basta mandar um e-mail para bialevischi@yahoo.com.br. As contas abaixo recebem depósitos de quaisquer valores, só não esqueçam de me avisar.
BB
Beatriz Levischi
Ag: 1561-X
C/c: 6830905-8
Itaú
Textrina
Ag: 0185
C/c: 08360-7
Quis o Universo, porém, que alguns montinhos de ossos cruzassem meu caminho antes do sucesso do blog e cá estou eu há dez noites sem dormir direito, tecendo mil articulações para ajudá-los. Por isso, inclusive, os posts andam rareando. Tudo começou no domingo do dia 23 de setembro, quando Eduardo sugeriu almoçarmos na Paulista e eu vi dois gatinhos esqueléticos passeando pelo quintal de uma casa abandonada.
Aborrecida, desisti do programa na hora e nós voltamos a São Bernardo para buscar comida e água. Cerca de 40 minutos depois, segurando 1 kg de FIT 32 e uma garrafa pet, eu pulei o portão de ferro, montei um verdadeiro piquenique no chão de cimento e chamei os peludos. Eis que, de uma porta emendada com sacos de lixo e papelão, foram saindo vários outros felinos, seguidos por uma senhora de roupas puídas e cabelo desgrenhado, ainda mais magra.
Desde a morte da irmã, dona Lourdes passou a alimentar os bichanos com o arroz e salsicha do próprio prato, despedindo-se da ração, cara demais. Para melhorar, os folgados do bairro ainda fizeram o favor de jogar outros gatos lá, ano após ano, aumentando a família de quatro para 30, incluindo filhotes. Na trama, tem também um vizinho que insiste em envenená-los, porque almeja comprar o imóvel a preço de banana para ampliar o estacionamento.
Quando eu comentei sobre doação, a velhinha disse sentir vergonha de receber visitas no estado em que se encontrava. Acontece que a imagem daqueles corpos esquálidos de crânios gigantes não parava de me atormentar e acabei pedindo o contato da ONG responsável pelas feirinhas do Hospital Veterinário Dr. Hato. Cecília foi a primeira pessoa a acolher minha inexperiência de jornalista apaixonada por bigodes e indicar o caminho das pedras.
No dia 26, eu entreguei à dona Lourdes parte de um pacote incarregável de Cat Meal (25 kg por R$ 39) + arroz, feijão, carne moída de músculo, coxa e sobre-coxa de frango, macarrão, molho de tomate, óleo, sal, cenoura, batata, cebola, alho, tomate, ovo, ervilha, milho, sardinha, banana, limão, maçã, leite, açúcar, café em pó, farinha ― impressionante como se pode encher um carrinho de supermercado com R$ 72,77, sem comprar porcarias. E cada sacola aberta vinha acompanhada de um suspiro: "Minha filha, você não esqueceu de nada". A cabeça nem levantava, na tentativa de disfarçar a emoção.
Eu aproveitei o clima receptivo para tirar fotografias sensibilizadoras da situação. Os bichinhos não estavam apenas desnutridos. Alguns eram cegos, vários tinham o corpo sem pêlos e os olhos inchados. Havia uma branquinha com ferida nas costas e outra com as orelhas carcomidas por um possível câncer de pele. A tigrada, encolhida sobre a televisão da sala, escondia o rosto deformado, como nos filmes de terror.
Não sei de onde tirei força para clicar figuras tão tristes, que continuam me assombrando. Mas era por um bom motivo: conseguir lares de verdade para aquelas criaturas. Meia dúzia de anjos, inclusive, já se ofereceram para colaborar no manuseio dos felinos, diagnóstico das doenças, empréstimo de caixas de transporte, doação de remédios, cobertores, ração, areia, produtos de limpeza, tigelas, roupas, cesta básica. As meninas da lista Gatos iniciaram o mutirão. :)
Linha do tempo
No último sábado (29.09), Meg e Susan me ajudaram a tirar dona Lourdes da cama para levar os casos mais graves a Dr. Angélica. A tigrada da televisão havia morrido de madrugada e seu corpo jogado em um saco, rapidamente recolhido pelo lixeiro. Eu confesso que fiquei aliviada de não precisar decidir sobre a eutanásia. Se confirmassem a suspeita de esporotricose (altamente contagiosa e em estágio avançado), as chances de o tecido do nariz se reconstruir seriam pequenas e o sofrimento, enorme. Mas bateu uma tristeza por ter chegado tarde demais.
A ratinha branca está com câncer mesmo e ficou na clínica para tratamento, graças ao Adote um Gatinho. Pode ser que ela perca as orelhas. A envenenada, que dona Lourdes considera como dela e não queria deixar colocar no carro de jeito nenhum, corre risco de morte. Mas preferimos não segurá-la, pensando nos outros bichos. Quem sabe da próxima vez.
A tricolor, mais magrinha de todos, serviu de amostragem para o conjunto dos felinos: enfraquecidos, cheios de vermes, pulgas e piolhos, com problemas hormonais, alergias às picadas e intestino solto. Isso quer dizer que o organismo terá dificuldade em absorver os nutrientes. Investiremos, então, na ração super premium, já que a tarefa de enfiar vitaminas goela abaixo de um batalhão diariamente mostra-se inviável a uma senhorinha debilitada.
Resta convencê-la a permitir a boca-livre. É que dona Lourdes arremessa a comida aos bigodes como se alimentasse pombas: cada bolinha vai parar em um canto diferente do jornal. E, no segundo seguinte, recolhe tudo para não ter desperdício. Espero que seja mesmo medo de acabar e não um jeito de evitar que eles façam cocô mole pelos cômodos.
Em uma população de proporções tão grandes, aliás, estranhamos a ausência de ninhadas. Talvez, as próprias mães estejam devorando a cria quando bate o desespero da fome. Senti falta também de alguns pequeninos da primeira visita. Mas como o acesso à rua é liberado, por causa do rombo na porta principal, fica impossível controlar. Nem mesmo a velha sabia a qual bichinho eu me referia.
Próximos passos
* No sábado agora (06.10), eu escolho os três primeiros gatos que Susan preparará para a adoção. Instruíram-me a priorizar os claros e peludos. Mas e os outros critérios? Como decidir com justiça? Quanta responsabilidade...
* Na próxima semana, os dez bigodes mais fortinhos irão para a castração em Utinga, por conta do Dr. E. É bom começar a treinar a concentração para dirigir com sirenes múltiplas no ouvido.
* Vicky Dolabella, artista conhecida pela simpatia à causa, concordou em doar um de seus quadros para a rifa, que organizaremos em breve aqui no Gatoca. Separem seus trocados!
* Existe a possibilidade, ainda, de conseguir Frontline a preço de custo com a Mundial Pet (distribuidora da Merial), porque os bichinhos precisam ser "despulgados" urgentemente.
Ajuda emergencial
Apesar de a dona Lourdes passar o dia limpando as sujeiras do exército de bigodes, a casa é escura e as condições de moraria, precárias. Soma-se ao contexto a dificuldade de monitorar os bichanos, graças às idas e vindas constantes da rua, e o tabu da alimentação self service para pombos. Lares temporários, portanto, fariam toda a diferença no tratamento. Alguém se habilita a acolher um amigo fragilizado?
Idéias fantásticas, doações diversas, auxílio na divulgação, palavras de carinho ou serviços voluntários também renderão sorrisos e agradecimentos repetidos à exaustão. Basta mandar um e-mail para bialevischi@yahoo.com.br. As contas abaixo recebem depósitos de quaisquer valores, só não esqueçam de me avisar.
BB
Beatriz Levischi
Ag: 1561-X
C/c: 6830905-8
Itaú
Textrina
Ag: 0185
C/c: 08360-7
2.10.07
Entre espécies
Finalmente Clara Luz encontrou uma companhia à altura do seu gênio: abraçava a babosa (esquecida em cima da geladeira para curar a gastrite, unha encravada, dor de dente e cabelos ressecados) e ganhava uma espetada, ensaiava um carinho e levava um arranhão, lambia as folhas e sobrava com a boca amarrada. Desistir do relacionamento, porém, jamais!