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28.2.18

Aniversariante do mês – fevereiro de 2018

Sabem aquele lance de que o melhor caminho para a iluminação é o do meio? Siddhartha definitivamente não conheceu a Chocolate*. Quando ela acorda de mau-humor, reclama até exorcizar o último demônio. Se vê uma caixa de papelão (pode ser figurativa), dá um jeitinho de caber, ainda deita. No dia do catnip, quase se afoga em baba.


O melhor caminho para a iluminação pode até ser o do meio. Mas, para a microgata que ganhou uma segunda chance de vida terrena há 11 anos, é a intensidade.



*Novelinha: Conheça a história da Chocolate

Outros aniversários: 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

23.2.18

Como estimar a idade de um gato

A mágica dos veterinários nós nunca saberemos, mas Gatoca não deixa vocês pagarem mico amamentando filhote barbado ou levando vovô para cirurgia cosmética. :)

Recém-nascido
Até os três dias de vida, os bigodes ainda têm o restinho do cordão umbilical cortando pela mãe ― depois disso, ele cai naturalmente.


Gudinhas na manhã seguinte ao parto

Entre 10 e 15 dias
Os olhinhos (sempre azul-acinzentados) se abrem pela primeira vez, embora ainda passem a maior parte do tempo fechados. Com duas semanas, também começam a nascer os microdentes, brancos como grãos de arroz.


Pimenta com 9 dias, arteira-precoce

3 semanas
As orelhas ficam visivelmente maiores, porque o canal auditivo só se abre após uma semana do nascimento.


Lindinha com 20 apertáveis dias

6 ou 7 semanas
Os olhos assumem a cor definitiva ― azuis continuam azuis, só que de um tom diferente. Até a sétima semana, a arcada dentária também deve estar completa.


Pimenta agora com 8 semanas e farolões verdes

7 meses
A vampirice de leite da foto abaixo passa a ser substituída pelos dentes permanentes, ainda branquinhos.


Batatinha com 3 meses e meio

2 anos
Toda a dentadura começa a amarelar.

Entre 3 e 5 anos
Os dentes traseiros se mostram mais amarelados do que os demais.

Mais de 6 anos
Rola também um desgaste natural da dentição.


Mercv com 9 anos e cárie felina

13 anos ou mais
O pelo já não tem o mesmo brilho e a região do focinho tende a engrisalhar. Mas nosso amor segue inabalável.


Simba com 13 anos e seu casaco punk

21.2.18

Nunca duvidem do instinto felino

A madrugada de domingo foi tensa por aqui. Um grilo, aparentemente inofensivo, resolveu fazer serenatas de megafone e não deixou ninguém dormir. Sim, um grilo. A gente acendia a luz e o bicho emudecia. Era voltar para a cama que a cantoria enlouquecedora recomeçava. À noite, ouvi o infeliz esquentando os motores e decidi encontrá-lo nem que fosse no inferno.

Atravessei Chocolate olhando vidrada para o trilho da porta de vidro, me perguntei como ela podia errar tão feio a origem do cricrilar e dei início à caçada no jardim: vaso por vaso, embaixo de cada folha da horta, entre os galhos do pinheiro e da primavera. Nada. Na segunda investida, mais tarde, a lanterna do celular iluminou sem querer a porta e os olhinhos reluziram junto com o insight.

O grilo estava dentro de casa! Escondido no pedaço do trilho que adentrava a parede, como Choco havia descoberto horas antes. E foi preciso uma força-tarefa de três pessoas para conseguir levá-lo vivo até o matinho da calçada, onde o cortejo cumpriria seu objetivo e nós poderíamos descansar com música ambiente, não hardcore.

Nunca duvidem do instinto felino. Mesmo que eles lembrem bichinhos de pelúcia.

16.2.18

Paranapiacaba: uma luz no fim do trilho

Em julho de 2016, a imagem da cadela prenhe bebendo água na poça de lama de Paranapiacaba dividiu o travesseiro comigo. A situação dos animais abandonados na vila precisava mudar e o Gatoca foi até a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente ― depois de ter sigo ignorado pelo Centro de Controle de Zoonoses de Santo André, pela Vigilância Sanitária e pela Secretaria de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense.

Lá, descobrimos a ação civil pública que já corria contra o município, aberta por duas ONGs, e a liminar do juiz Marcelo Franzin, que dava três meses para que os animais em situação de risco (atropelados, doentes, idosos, prenhes e filhotes) de TODO o perímetro da cidade, incluindo a vila, fossem recolhidos. Mas o juiz também ficou falando sozinho.

E eu segui recebendo denúncias de gente que esperava curtir o fog andreense e acabava se deparando com dezenas de bichos negligenciados, por causa desta matéria da Vejinha. Em dezembro do ano passado, soube que a diretoria da Vigilância Sanitária havia mudado e resolvi tentar mais uma vez ― obrigada Rosa Yukari pela ponte! A resposta veio no dia 6 deste mês, finalmente, e a gestão atual parece genuinamente sensibilizada com a causa.

Compartilho a entrevista completa abaixo e convido os leitores da região a continuarem monitorando. Juntos, nós somos chatos. :)

Vale contar também que, nestes 19 meses, a ONG Canto da Terra levou 40 gatos e 110 cachorros para serem castrados em sua sede, na zona norte, com dinheiro doado por gente como a gente, sem qualquer apoio do poder público. Ajudar quem ajuda, portanto, é sempre uma boa pedida.


A prefeitura tem algum projeto para reduzir o abandono na região?

Nossas ações no sentido de redução de abandono são:

- A castração gratuita para os munícipes de Santo André, que foi retomada e reformulada em 2017, ampliando o investimento no projeto de R$ 20 mil para R$ 30 mil ao mês.
- A feira de adoção "Eu amo, eu adoto", realizada todo último domingo do mês no Parque Central. Inclusive, em 2017, Santo André foi a cidade que mais promoveu adoção em todo o Grande ABC, totalizando 389 animais.
- Visitas pós-adoção para verificar a adaptação da família e do animal que era tutelado pelo canil/gatil municipal, projeto iniciado em 2017.
- Trabalhos educativos de guarda responsável.
- Vistorias zoosanitárias.

E para os animais que vivem nas ruas da vila?

Em julho de 2017, realizamos ações referentes aos animais de Paranapiacaba (partes alta e baixa), incluindo domiciliados e que vivem nas ruas. 353 receberam coleira contra pulgas e carrapatos, sendo 249 cães e 104 gatos. Houve vacinação contra raiva para 275. E também realizamos trabalhos educativos de guarda responsável. A vacinação foi complementada em agosto, durante a Campanha de Vacinação Contra Raiva em Cães e Gatos.

Está em nosso cronograma a realização de um senso para nos certificarmos da quantidade de animais castrados e a continuidade das campanhas de vacinação, bem como a sequência dos trabalhos educativos de guarda responsável.

Há arrecadação/distribuição de ração?

O Banco de Alimentos de Santo André, na Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André (Craisa), recebe doações de ração animal que são destinadas a protetoras independentes cadastradas e a pessoas que estejam passando por dificuldades financeiras e tenham animais. As rações são retiradas no próprio Banco de Alimentos.

E plano de instalar casinhas coletivas para protegê-los do frio? Paranapiacaba é patrimônio histórico, certo? Como funciona essa burocracia?

O CCZ é uma gerência do Departamento de Vigilância à Saúde, ligada à Secretaria de Saúde, sendo regido pela Lei 8.080/1990, que criou o Sistema Único de Saúde. Isso quer dizer que todas as verbas do departamento devem ser empregadas visando a saúde humana e só conseguimos utilizar arte delas para as castrações com a justificativa epidemiológica de prevenção de zoonoses. Não há possibilidade legal, portanto, de a Secretaria de Saúde investir na aquisição de casinhas. Mas a prefeitura está implementando projetos dessa natureza em outras secretarias.

Os mutirões de castrações voltarão a ocorrer? Quando? Para quantos animais (cães e gatos)? Em parceria com quais clínicas/ONGs?

A prefeitura está realizando o levantamento e demais ações necessárias ao chamamento público para efetivar parcerias que possibilitem mutirões por toda a cidade.

E as campanhas de vacinação?

A campanha de vacinação antirrábica está agendada para o mês de agosto de 2018, em vários postos fixos no município. Na Vila, teremos posto fixo na parte baixa, posto volante na parte alta e vacinação de casa em casa.

Os leitores do blog podem ajudar de alguma forma?

Não há impedimento legal para a realização de trabalho voluntário junto aos animais de rua.

E o Gatoca, com a expertise em educação, conscientização e mobilização?

Qualquer parceria com a prefeitura deve ser realizada por meio de edital de chamamento público, porém, não há impedimento legal para que qualquer entidade realize de forma independente trabalho voluntário junto aos animais de rua.

Contamos com vocês para divulgar aos leitores informações de utilidade pública, como campanhas de vacinação animal, castração e feiras de adoção. A prefeitura compartilha esse conteúdo nos sites e redes sociais, mas sabemos que alcance será muito maior se pudermos contar com veículos parceiros como o Gatoca.

A gestão atual pagou a multa pelo não cumprimento da determinação judicial na ação civil pública aberta contra a gestão anterior?

Não, porque o último parecer no processo foi favorável à prefeitura.

[O Ministério Público considerou "efetivo empenho" demonstrado na solução do caso e concedeu um aumento no prazo para a implementação das novas políticas, segundo o site do Tribunal de Justiça de São Paulo.]

9.2.18

Fechado por motivos de Carnaval

Eu pensei em um tema importante para o texto hoje. Mas vocês não devem estar mais aí. Para aumentar o drama, os termômetros de Sorocaba marcam 29°C (são 21h30!) e nós tivemos a brilhante ideia de usar a panela de pressão. Para onde se olhe, há gatos derretidos, lembrando os quadros de Dali.

Decidi, então, só desejar um Carnaval serpentinado, com ou sem samba, bloquinho, desfile. E a ONG Canto da Terra emprestou o Natalino, que ficou meio desatualizado, mas caprichou na fantasia para compensar ― dia 24 tem megabazar por lá, para renovar as energias, o guarda-roupa e a missão de deixar o mundo melhor. Alalaô!

8.2.18

O primeiro gato de joelhos da história!

Jujuba, na verdade, é uma gata. E a manchete deste post (alguém aí ainda sabe o que significa manchete?) engorda o grupo das fake news. Mas ver a ferinha nesta posição me fez lembrar que, há cinco anos, ela presenteava tentativas de aproximação com cicatrizes ― destaque para o massacre da caixa de transporte.

Eu insisto nesse case de sucesso porque as pessoas tendem a rejeitar animais de personalidade menos dócil e, na maioria das vezes, eles só precisam da família certa para desabrochar. Este cafuné largado, por exemplo, levou dez anos. ― colo vai ficar para a próxima encarnação, já que escolhi a habilidade de medicá-la.

Deem uma chance, portanto, aos antissociais. ♥

2.2.18

Das voltas que o mundo dá

Há oito anos, Flea e Snow eram filhotes e moravam em um banheiro. Guebis fazia faculdade de veterinária em Jaboticabal e morava em uma kitnet. Eu tinha 19 gatos (dez fixos e nove temporários) e morava em São Bernardo.

Nestes 2.915 dias, os pequenos se mudaram para a capital do amendoim e desabrocharam. Guebis se formou, casou e voltou para Sorocaba, em um sobrado fofo com jardim. E eu vim de mala e caixas de transporte para cá também, com nove bichanos concretos e um Simba abstrato.

Na quinta-feira retrasada, a gente combinou o tão esperado reencontro. Os bigodes nunca lembram de quem trocou a viagem de férias e a harmonia da família por mais um resgate ― a careta das fotos comprova.


Mas ver as barrigas trabalhadas no patê e no carinho sempre enche meu coração.