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3.12.15

Feijão: cartinha de um gato devolvido

Eu me lembro de ter sentido muita fome quando era pequeno. E todos os problemas do mundo desapareceram no potinho de sachê. A tia Bia, que me resgatou, conta que eu cantava, ronronava e mastigava ao mesmo tempo. Durante quase cinco anos, tive um lar. Brincava de ratinho, tomava sol na janela e dormia na cama com minhas tutoras.

Mas elas se separaram, nós mudamos de casa e acabei trancado em um quartinho. Triste, comecei a perder pelos e vim parar aqui. Não entendo o que aconteceu. Só sei que não se resolve com comida. Passei os primeiros dias escondido na caixa de transporte, ouvindo as tias falarem em depressão.


De vez em quando, aceitava um pouquinho de sachê para voltar no tempo. Nunca funcionou. Tia Susan sentava no chão e ficava me olhando. Ela sabia que eu queria a mamãe. Até que senti muita vontade de ganhar um cafuné. Saí da toca devagar, deitei a cabeça e fechei os olhinhos, como antigamente.




É tão bom ser amado! Acontece que não posso morar neste hotel para sempre. Preciso de uma família. Também tenho um irmãozinho, o Luigi, e adoraria que pudéssemos continuar juntos. Se não der, a gente entende. O importante é, desta vez, ser para sempre.



***

Esse texto foi escrito para o AUG, que topou ajudar a divulgar os meninos porque nosso prazo é curto. O post anterior, que estava com quase 1 mil compartilhamentos no Facebook, saiu do ar, levando com ele todas as ofertas de lar temporário e os contatos de interessados em adotar os bigodes. Eu fiquei passada com a denúncia, confesso. E precisei de um tempo para digerir a falta de compaixão. Mas meia dúzia não pode estragar um projeto de tantos corações. E a maior vitrine de gatos para doação do Brasil ninguém censura. :)


4 comentários:

Anônimo disse...

Chorei. Pena que moro longe e já atingi o limite maximo que posso manter.
Tenho 13 gatos e dois cães, fora os eventuais, que resgato, castro, cuido e depois coloco para adoção...uma.luta contínua...

Unknown disse...

Chorei chorei muito meu coracao sangra

Psicopedagoga Soraya Milene Sales disse...

Vou compartilhar não posso ficar com mais gatos, mas espero que logo ele seja adotado com o irmão dele

Anônimo disse...

Eu ainda não consigo entender como alguém têm coragem de abandonar um ser que dá amor incondicionalmente. Por quê????
Absurdo.
São Francisco abençoe e que eles possam ser doados juntos para alguém realmente merecedor deles.

bj, Paty, Lola e Manolo.