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31.12.13

2013

Este foi um ano de plantar. Ciclâmen, amores, liberdade. Sabe aquela época em que você percebe que a vida perdeu o cheiro e enche as mãos de calos na expectativa de tornar a abrir a janela e encontrar flores? No primeiro saquinho de sementes tinha o apertamento. Só meu, para fazer faxina de calcinha, e dos bigodes, para encherem o micro-ondas de pelos. Quatro milhões de vezes eu pensei em desistir da reforma. E quase voltei para a mansão compartilhada quando os quadrúpedes odiaram a casa nova ― depois de me retalharem o braço.

Em um dia dos últimos três meses, porém, sem perceber exatamente qual, Pipoca parou de gritar de madrugada, Mercv cansou de se jogar contra a porta do corredor, as brigas felinas gratuitas se limitaram a deslizes semanais. E eu comecei a dormir até as 9h, sonhando roteiros que não incluíam motores de caminhões e buzininhas de motoqueiros. Os 60 m2 continuam os mesmos, a Anchieta poluída e o calorão também. O que mudou foram os pores de sol.

No segundo saquinho de sementes, havia uma outra forma de ajudar os animais que São Francisco manda para cá sem embrulho. Kiwi, que ganhou sua família de comercial de margarina em janeiro, protagonizou o último resgate convencional, porque no apertamento não cabe mais nem pulga. E, sem planejamento, eu acabei castrando dois pretolinos da comunidade, incentivei meia dúzia de leitores a praticar C. E. D., distribuí caminhas em pontos de abandono de São Bernardo, consegui um cantinho temporário para o Sparky, o gato mais fofo do mundo, e grana para operar sua pata fraturada.

Com esse saquinho de sementes veio o terceiro, grátis. E ele me obrigou a reduzir os frilas remunerados para tirar do papel um projeto que fará o coração (de pudim) tornar a bater. Escrever sobre compaixão animal, maus-tratos, massagem, fisioterapia, brinquedos reciclados, insuficiência renal, benefícios da adoção, dieta vegetariana e cuidados para evitar doenças não é mais suficiente. E vocês me cutucam sempre que escolhem o Gatoca para doar almofadões, arranhadores, broches e chaveiros, R$ 11 em dezembro ― o estímulo dos parceiros (Merial, Redes 2000, Chalesco e American Pets) nem preciso comentar.

No cantinho da paisagem de 2013, sejamos justos, já existia um pé de girassóis, que só carece de rega constante. E eles se abriram em novas comemorações de aniversários (da Pandora, da Chocolate, da Clara e da Guda, das Gudinhas, do Simba, do Mercvrivs e do Gatoca ― com amigos e leitores queridos), textos divertidos, arrecadação de "agasalhos" para a campanha do AUG e participação no bazar de Natal. Ah! A erva daninha da Clara foi eliminada. Falta o Mike ganhar uma casa na árvore exclusiva.

Para 2014, eu desejo uma panorâmica bem colorida. E perfumada!

Retrospectivas dos anos anteriores: 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

27.12.13

Sofá felino

Antes de ganhar os antipulgas, as telas, os banheiros fechados e os arranhadores, os bigodes já tinham onde sentar para jogar conversa fora, assistir a um filme ou ignorar-se mutuamente ― privilégio que ainda não bateu a minha porta, vejam só. É que a Tati Pagamisse doou os almofadões do seu sofá para Gatoca, eu fui até a Rangel Pestana comprar um tecido impermeável, que não juntasse pelo e à prova de garras (Acquablock/Acqua Summer), e a mãe dela costurou as capas no maior capricho, com zíper embutido para poder lavar na máquina.

Sucesso absoluto! E quase duas décadas de amor.

25.12.13

Presente sem embrulho

Como se não bastasse o Natal (época de se endividar de sacolas desnecessárias, para poder brigar com a família enquanto se empanturra de cadáveres), dezembro é também o mês do meu inferno astral. Isso quer dizer que tudo que pode dar errado dá: trabalho perdido, bate boca com funcionário da CET, multa por causa do rodízio, resgate de gato fraturado, sangue pela casa.

Este ano, porém, dezembro piscou para mim. Depois dos testes de sobrevivência costumeiros, me mostrou que, para cada puto que maltrata um animal de rua, existem dezenas de pessoas dispostas a economizar no festerê ou parcelar os impostos de janeiro para ajudar a salvá-lo. E, se na última década eu chovi de saudade da minha mãe, hoje as trovoadas são de felicidade.

Enquanto o Gatoca tiver leitores incríveis, Sparkys não precisarão endurecer. E eu continuarei amolecendo.


21.12.13

Dois milagres, sim!

Na terça-feira, eu escrevi contando que buscaria o Sparky para operar em Utinga, lembram? Só que o Dr. E. não faz esse tipo de cirurgia e a gente precisou caber na agenda do ortopedista indicado por ele, que mora na praia, e do anestesista indicado pelo ortopedista, que trabalha em Osasco. À noite, então, Amanda quebrou o galhão de pegar o pequeno na Barra Funda, para me entregar em Santo Amaro na hora do almoço do dia seguinte (seu aniversário!), já que Gleisson não estaria em casa.


E nós cozinhamos em jejum no carro por uma eternidade até a clínica veterinária de Santo Andre. Sparky perdeu a cabeça e o colo do fêmur, porque não dava mais para colocar pino, mas voltou bagunçando para a zona oeste. Nem o congestionamento monstruoso no fim da avenida do Estado, que provavelmente me rendeu uma multa por transitar no rodízio, abalou seus seis meses e quatro quilos de amor pela vida.




O que ninguém imaginava é que ele enlouqueceria com o colar elisabetano. Morrer de amores nenhum bicho morre, eu sei. Acontece que o frajolinha pulava feito boi bravo e se jogava no chão bem do lado operado, tingindo o escritório do Gleisson de vermelho e nossas caras de branco. Irredutível, o ortopedista mandou insistir no abajur perto da meia-noite, quando a superestimulação da anestesia (com morfina e quetamina) passasse. E quem teve coragem?

Durante cinco horas, Gleisson e eu tentamos de tudo para manter o peludo afastado dos pontos: carinho, comida, brinquedos variados, remédio amargo na pele. Até a Dani Flosi apareceu para ajudar! E, mesmo ciente de que as chances de sucesso eram pequenas, eu saí à caça de uma roupinha cirúrgica ― vestida por partes, em intervalos de cinco minutos. Eis que o pequeno foi finalmente vencido pelo cansaço.


Ou pela dor. A receita do pós-operatório prescrevia analgésico em dose cavalar, antibiótico, anti-inflamatório, antisséptico e repouso. Na madrugada de quarta para quinta, Sparky deu uma canseira na Dani incomodado com roupinha, que lhe roubava o equilíbrio e acabou substituída pelo monitoramento de presídio anterior. O santo do Gleisson ainda comentou feliz que eles haviam tirado férias na hora certa. A cada três empurradas de remédio goela abaixo, uma fracassava. E o frajolinha chorou o dia inteiro por não encontrar uma posição para descansar.


Ontem, as coisas começaram a melhorar ― exceto a batalha dos comprimidos. A dor parece estar indo embora devagar e o peludo já ensaia apoiar a pata fraturada. Se essa história ainda não tem um happy ending, o post ao menos acaba com uma boa notícia: graças a vocês (muita gente anonimamente, que eu sequer pude agradecer), à rifa organizada pela Paula Guima e aos broches e chaveiros doados pela Lina Gatolina, todas as despesas abaixo foram cobertas (e ainda sobrou uma grana para a fisioterapia!):

Castração, vacinas e internação: R$ 150
Antipulgas: R$ 27
Consulta de emergência no hospital: R$ 95
Raio-x: R$ 120
Aplicação associada: R$ 60
Dorless (analgésico): R$ 42
Prelone (anti-inflamatório): R$ 15
Cirurgia com ortopedista: R$ 500
Anestesista: R$ 200
Colar elisabetano: R$ 12
Antisséptico: R$ 5
Duotril (antibiótico): R$ 15
Roupa cirúrgica: R$ 45
Gasolina: R$ 5 milhões (rs)

Eu disse que em dezembro ninguém ajuda ninguém? Me desculpem. <3

19.12.13

Mistério

Depois de 11 horas de agito patrocinadas pelo Sparky ontem (uma e meia de veterinário, quatro e meia de congestionamento e cinco tentando acalmar a criatura operada), eu acordo e dou de cara com o apertamento redecorado de vinho ― sala, corredor, escritório, barba e cabelo! E continuo sem saber se foi tentativa de queima de arquivo ou de suicídio, porque o único gato que tinha a pata suja era a Pimenta e ninguém parece machucado.

Existe Sherlock Homes veterinário?

17.12.13

Dezembro sempre me surpreende!

Já passa das 3h. Eu acordei cedo, cuidei da casa e dos gatos, fiz o almoço, fui ao pet shop, ao correio lotado, ao posto de gasolina, ao veterinário e, quando estava a dois minutos do prédio, depois de pegar a Anchieta completamente parada, a CET bloqueou a ponte para descer um helicóptero e me obrigou a dirigir por mais uma hora pelo centro de São Bernardo. Meus joelhos subiram os dois lances de escada latejando e, antes que eu sonhasse em esticar o corpo na cama, recebi a notícia de que o Sparky havia parado de andar.

Para que vocês entendam o que aconteceu, terei de voltar um tico no tempo. Na segunda-feira passada, o pequeno sumiu e reapareceu só na terça, mancando. Eu dividi um sachê de salmão com metade dos bichos semidomiciliados do bairro tentando colocá-lo na caixa de transporte e acabei deixando-o internado na clínica veterinária para tomar a medicação para a pata e já adiantar a castração ― é impossível fazer o jejum e o pós-operatório na rua.

No sábado, castrado e vacinado, o frajola saiu da gaiolinha do veterinário direto para a casa da Daniela Flosi, na zona leste, que havia conseguido um cantinho temporário no apartamento telado do namorado, na zona oeste.


Só que a manquitolice voltou ― o analgésico da cirurgia deve ter perdido o efeito e a dor tornou a incomodar. Dr. E. receitou um anti-inflamatório por telefone, mas agora à noite o bichinho parou de andar de vez (aqui a história segue), fez xixi nele mesmo e Gleisson achou melhor correr para o hospital. O raio-x indicou fratura na cabeça do fêmur, provavelmente causada por um chute, e a cirurgia lá ficará R$ 1,6 mil.

Daqui a pouco, eu largo minha vida mais uma vez para buscar o pequeno na Barra Funda e levá-lo a Utinga, na esperança de que o Dr. E. faça um milagre. Dezembro e janeiro são fracos de trabalho e mesmo um jornalista de carteira assinada teria dificuldade de arcar com essa despesa sozinho ― eu já contava com o dinheiro dos broches e chaveiros da Denise para pagar pelo menos parte da castração, da vacina e da internação.

Cá estou escrevendo, em vez de dormir, portanto, para pedir ajuda em um mês que ninguém ajuda ninguém:

Itaú (Textrina)
Agência: 0185
Conta corrente: 08360-7

Banco do Brasil
Agência: 1561-x
Conta corrente: 6830905-8

Dois milagres?


Epopeia do Sparky na busca por um lar:

:: Como tudo começou

14.12.13

Obrigada!

Sabem quem doou este arranhador e outro roxo para os bigodes barbarizarem? Vocês! Eles foram comprados com o dinheiro arrecadado no aniversário de seis anos do blog. E custaram bem mais barato do que os modelos frufruzentos de pet shop, que os bichanos costumam trocar pelo sofá porque não dá para se esticar na hora de afiar as garras. Como a Neise abortou a produção, aliás, eu posso ensinar o segredo: basta cobrir um cone de sinalização com sisal (caprichem na cola!) e pendurar os peixinhos de carpete. :)

7.12.13

É impossível salvar todos...

Depois de 12 horas de faxina, começada na quinta-feira, eu abro a porta interna do prédio e dou de cara com um filhotão frajola. O mesmo que, na segunda, Leo quase atropelou porque descansava no meio da rua, sem intenção de sair. Meu bairro novo tem uma coleção de bichos errantes, mas eles parecem mais safos. Sparky é bobo de tudo: saltita com cabeçadinhas na perna da gente, se joga de barriga no chão para ganhar carinho, ronrona só de olhar.

Na dita segunda, eu desci do carro, ajeitei-o na calçada, ouvi dos passantes que sua dona não cuidava nem dos filhos e, como eles, também passei. Mas São Francisco não deixou barato. E ontem à noite eu entrei na favela com o gato a tiracolo para conversar com a irresponsável. Acontece que ela não existia. Sparky foi abandonado há duas semanas e os moradores evitam dar comida para que ele não se acostume.


Eu tentei convencer os fieis da Sara Nossa Terra, da Assembleia de Deus e do centro espírita (rua ecumênica) a lhe arrumarem um cantinho, mas seres espiritualizados têm mais com que se preocupar. Lembrei então do apertamento (sem divisória na lavanderia), dos dez bigodes inconformados fazendo xixi na louça lavada, dos cinco remédios (incluindo dois corticoides) que uso diariamente para a alergia e, sabendo que passaria a noite em claro, soltei o pequeno.


É impossível salvar todos... sozinha. Alguém pode ficar com essa coisa apertável provisoriamente? Eu castro, vacino (comprem os chaveiros e broches doados pela Denise, por favor), levo onde for preciso, pago a ração, os sachês, os brinquedinhos, divulgo exaustivamente até conseguir uma família de comercial de margarina.


Do lado de fora, ele não terá a menor chance.




Epopeia do Sparky na busca por um lar:

:: Chute de presente de Natal e ajuda para a cirurgia
:: Retirada da cabeça do fêmur e doações
:: Agradecimento e esperança na humanidade
:: Unidos por uma pata quebrada

4.12.13

Lojinha natalina

2013 foi um ano mau e só de pensar em pisar no shopping para comprar os presentes de Natal a barriga dói? Se vocês tiverem amigos e parentes gateiros, o sofrimento acabou! É que a Denise Pinheiro, da Lina Gatolina, fez estes broches e chaveiros lindos e baratinhos para o Gatoca ajudar a roubar sorrisos de quem suportou nossas crises durante os últimos 12 meses.

Quase todos são modelos exclusivos (quatro já foram vendidos, inclusive). E ainda vão com pelos originais dos bigodes que ilustram este blog! Cliquem na imagem para ver a galeria completa de fotos e os preços de cada peça, mandem sinal de fumaça (bialevischi@yahoo.com.br) com o nome da(s) eleita(s) e o endereço de entrega, e eu passo os dados para depósito já com o valor do frete incluso. ;)

Cat Christmas!