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29.6.13

Sexto quase-aniversário do Gatoca

Blogueira má! Blogueira má! Blogueira má! É assim, como o Dobby de Harry Potter, que eu estou me sentindo neste mês de déficit de posts. A vida anda de cabeça para baixo e eu precisaria descobrir o segredo da mitose para dar conta de tudo ― e para dar ao Mercvrivs o colo 24/7 com que ele tanto sonha.

Como sou uma pessoa terapeutizada, porém, hoje colocarei minhas limitações no colo, direi a elas que tudo vai ficar bem e me permitirei curtir os seis anos de criação do layout do Gatoca. Sim, este blog coleciona datas festivas, porque eu demorei 42 dias para tomar coragem de publicar o primeiro texto, que se chamava Teste (reparem na URL). rs

A comemoração oficial rolará em agosto, com direito a comes e bebes, histórias bigodísticas e risadas não alcoolizadas para quem estiver dirigindo. E nós não aceitaremos desculpas envolvendo vergonha e sinônimos. Preparem-se, portanto, para sair da concha! :)


Veja as festinhas anteriores: 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

26.6.13

Bom dia, Cinderela

Gatoca é cheia de barulhos. Armários rangem feito ponte levadiça de castelo, música de gosto duvidoso ecoa pelo corredor, um teclado de computador metralha a tarde até escurecer. Mas existem apenas três sons que despertam bigodes e focinho do sono profundo. Pipoca não pode ouvir o clique do interruptor do meu quarto de manhã que se põe a gritar na porta para recepcionar calorosamente minha cara amassada.

Mike se requebra inteiro quando um bombom é desembrulhado a quilômetros de distância, crente que o docinho não poderá ter outro destino que não seu estômago. E todo o recinto entra em festa se, sem querer, eu encostar nos potinhos das guloseimas devezemquandárias ao enxugar a louça ― nesse caso, será preciso esperar o clamor animal cessar para conseguir deixar a cozinha.


20.6.13

Inveja

Guda preocupada com o futuro do país.

13.6.13

9 cuidados básicos que evitam doenças sérias

Eles não levam ninguém à falência e garantem que bigodes e focinhos continuem colorindo nossos dias por mais tempo

1) Comprar ração de boa qualidade
Por quê?
Ração barata contém conservantes e sódio além da conta, substâncias que estimulam a formação de cristais.
A atitude previne...
- Urolitíase: presença de cálculos no trato urinário, que podem virar cistite nas fêmeas e obstruir a uretra dos machos, matando o animal em 72 horas por insuficiência renal.

2) Controlar as guloseimas
Por quê?
Petiscos em excesso e comida gordurosa ou muito temperada engordam e afetam o fígado, que funciona como um filtro do organismo.
A atitude previne...
- Obesidade: acúmulo de gordura no corpo, que pode causar diabetes, problemas nas articulações, doenças cardiovasculares e até alterações neurológicas.
- Lipidose hepática: concentração de gordura no fígado, comum em gatos e rara em cães, que pode levar à morte.

3) Oferecer água sempre fresca
Por quê?
Beber bastante água ajuda a manter os rins trabalhando direito.
A atitude previne...
- Insuficiência renal: alteração na capacidade de filtragem do órgão, que passa a reter ureia e creatinina (compostos tóxicos) e a eliminar água, vitaminas e proteínas. O agravamento da doença pode provocar pressão alta, infecções do trato urinário, úlceras na boca e no estômago e até matar.

4) Vermifugar
Por quê?
Animais que têm acesso à rua podem se contaminar com ovos, cistos ou larvas de vermes como a tênia.
A atitude previne...
- Verminose: infecção do intestino provocada por parasitas que retardam o crescimento do bicho, prejudicam a absorção de nutrientes, facilitam a perda de sangue e de proteínas e ainda favorecem o aparecimento de outras doenças.

5) Vacinar anualmente
Por quê?
Peludos imunizados vivem mais e não passam doenças infecciosas para seus donos.
A atitude previne...
Um combo de dores de cabeça:
- V10 (cães): cinomose, parvovirose, hepatite infecciosa, adenovirose, coronavirose, parainfluenza e leptospirose (Leptospira canicola, Leptospira grippotyphosa, Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira pomona).
- Quádrupla (gatos): panleucopenia, rinotraqueíte, calicivirose e clamidiose.
- Antirrábica (cães e gatos): raiva (zoonose causada por um vírus que afeta o sistema nervoso, matando o bicho em menos de uma semana).

6) Castrar a partir dos cinco meses
Por quê?
Esterilizar filhotes antes do primeiro cio evita infecções e o desenvolvimento de tumores.
A atitude previne...
- Piometra: infecção uterina provocada por bactérias, que pode levar à óbito.
- Câncer de mama e próstata: proliferação desordenada de células de qualquer tecido do organismo, prejudicando o funcionamento dos órgãos comprometidos. Se a doença for detectada após produzir metástase, a morte é inevitável.

7) Jamais medicar por conta própria
Por quê?
O uso indiscriminado de remédios pode envenenar e até cegar o animal.
A atitude previne...
- Intoxicação: série de efeitos sintomáticos causados pela ingestão ou contato com substâncias tóxicas.
- Catarata: opacidade do cristalino, lente interna dos olhos, que impede a passagem da luz à retina, prejudicando a visão.

8) Manter os dentes limpos
Por quê?
Tártaro gera um ambiente propício para o desenvolvimento de bactérias, que podem chegar ao coração pela corrente sanguínea.
A atitude previne...
- Endocardite: mau funcionamento do músculo cardíaco, provocado por microorganismos que tendem a obstruir o fluxo sanguíneo arterial de órgãos vitais. A forma infecciosa da doença mata em questão de dias.

9) Estimular a prática de exercícios físicos
Por quê?
Sobrepeso causa complicações articulares.
A atitude previne...
- Artrite: inflamação decorrente do mau posicionamento da junta, ponto em que um osso se encontra com outro, atrapalhando a locomoção.


* Texto escrito para a revista AnaMaria, da Editora Abril.

11.6.13

Gentoca

A maioria das peripécias relatadas neste blog tem bigodes como protagonistas ― com destaque aos esqueletinhos da dona Lourdes. Mas os leitores antigos certamente se lembram que já passaram por Gatoca sete focinhos (Beatriz, Costelinha, Pingo, Geada e Caramelo, Marley e Pandora), um sanhaço e uma pomba especialista em cocos aéreos.

O que eu nunca imaginei é que teria de resgatar uma criança. Ou quase. Tudo aconteceu muito rápido: namorado ao volante, eu olhava distraída a paisagem que corria pela janela, quando avistei um menininho correndo sozinho pela calçada. Ele parou o carro instantaneamente, eu caminhei em direção ao pequeno, para não assustá-lo, e quase enfartei ao vê-lo virar para a rua, onde um caminhão aumentava de tamanho na velocidade da luz.

Segurei o aventureiro pelo braço no minuto em que a mãe saiu de casa desesperada gritando seu nome. O irmão mais velho havia esquecido o portão aberto e ela só sentiu falta do mais novo quando ele já estava no alto do morro. Pelo jeito, São Francisco anda ampliando sua área de atuação. E sacou que sempre pode contar comigo. Eu só não sei o que faria com um filhote de gente.

4.6.13

Notícia triste: pingando os is

Nestes 18 dias, desde que eu publiquei o post sobre a suspensão dos resgates em Gatoca, não faltaram demonstrações de carinho de vocês. Até terapia junguiana gratuita me ofereceram! Mas parece que alguns pontos precisam ser melhor explicados. Segue, então, uma listinha e, se ainda restarem dúvidas, não se acanhem em compartilhá-las nos comentários. :)

1) Os temporários agravam minhas crises
O organismo demora para se acostumar ao novo "alérgeno". Animais resgatados da rua precisam ficar isolados dos outros, geralmente em lugares pequenos, com pouca circulação de ar. E quanto mais gatos em casa, pior a alergia. Palavra de quem já cuidou de 19 bichanos ao mesmo tempo.

2) Banho não rola
Já não seria fácil ensaboar dez bigodes fofos semanalmente ― principalmente porque eu ganho dinheiro escrevendo, não pilotando chuveirinhos. Imaginem, então, enfiar as Gudinhas embaixo d'água. Pipoca amansou com o problema renal, mas as irmãs continuam bichos do mato.

3) Tratamentos alternativos são lentos
Eu acredito em um monte de coisa. E não desisti de tentar. Mas, na hora em que o ar para de entrar nos pulmões, só a injeção de corticoide na veia resolve. Quem nunca dirigiu até o hospital achando que não vai dar tempo de chegar dificilmente conseguirá imaginar a sensação de pânico.

4) Mesmo assim, eu não vou doar os bigodes
Pelo menos não enquanto puder me manter de pé com os remédios. Tomo o que for necessário, faço exames periodicamente, passo em consulta com todo o corpo clínico da Beneficência Portuguesa se precisar. No dia em que o último coração felino parar de bater sozinho (assim espero!), eu penso na hipótese de adotar um filhote de urso ou um elefantinho.

5) A ajuda jornalística segue
Eu continuarei a publicar dicas aqui no blog, a inspirar os leitores novatos a construírem um mundo melhor para bípedes e quadrúpedes, a produzir matérias (ou guias inteiros) que ensinem marinheiros de primeira viagem a cuidarem decentemente de seus animais de estimação, a escrever, editar e revisar textos para o Adote um Gatinho, ONG em que sou voluntária.

Só não sei o que farei quando cruzar com o próximo par de olhos assustados.