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14.9.12

Alienação parental

Só os seres humanos são capazes de fazer mal a quem amam.

12 comentários:

Lívia Fernanda (I/O Gatos) disse...

Isso é um paradoxo incabível, ainda mais vindo do ser considerado "racional"! Vai entender, né! Portanto, continuo amando os animais!

Carol Costa disse...

Eu tenho plena convicção de que quanto mais o ser humano evolui, maiores as chances de ele vir bicho na próxima encarnação.

Amanda Herrera Massucatto disse...

Seria tão mais lindo se deixássemos nossos instintos "animais" tomarem conta às vezes! Eu me pego pensando às vezes "o que a Maya faria no meu lugar", mas esa sou eu, né... De qualquer maneiras, vejo seres humanos ao meu redor capazes até de ferir a si mesmos para ferir ao outro, e isso é muito triste...

Rose disse...

A equação na verdade é simples: animais não são nem egoistas, nem vaidosos. Assim, vivendo suas vidas livres desses dois pesos, nem sequer lhes passa pelas lindas cabecinhas fazer mal a alguém. Temos muito a aprender com eles.

Carol * disse...

Os animais não humanos têm o sentimento do amor livre de qualquer vaidade pessoal. É por isso que sabem, simplesmente, amar.
Temos tanto a aprender...

Marilia disse...

=)

Karina disse...

Agora me diz quem é mesmo racional?
Humanos...

Aurélio disse...

Eu posso depor porque fui a criança que ficou entre mamãe Mar e papai Rochedo nessa história de nome bonito chamada alienação parental - e escrevo porque o que eu diga talvez ajude pais e mães a não fazerem com os filhos o que meus pais fizeram comigo, mas juro que preferia não ter sido essa criança e não ter o que escrever aqui.

Mas fui essa criança e então digo, digo segurando as tuas mãos, pai que atira o filho contra a mãe, mãe que tenta aliviar a raiva contra o pai fazendo o filho ter raiva dele também: NÃO FAÇA ISSO!

Eu levei a vida toda e seis anos de análise pra entender - tenho 44 anos - o que uma birra pessoal da minha mãe com o meu pai fez comigo. E, mesmo tendo entendido na cabeça, meu coração ainda é torto e tenta se desentortar pelo que aconteceu.

A relação deles há muito não vinha bem, caminhava pra um fim - mais dia, menos dia, um ou outro encerraria a história. Meu pai encerrou-a, minha mãe não se conformou e duma hora pra outra, quando viu que não tinha volta, ela se fez criança e passou a desenhá-lo pra mim como o canalha e o monstro que ela viu nele.

Eu amava meu pai e minha mãe por igual e de repente, pior do que vê-los afastados mas adultos pelo menos no respeito a um filho de 10 anos, eu me aliei à criança em que minha mãe se transformou a ajudei-a a atacar meu pai, que se afastou amargurado e vive hoje longe de mim, numa relação que ambos tentamos consertar mas que não tem conserto.

Pra resumir, e me perdoem se me estendo - é a ânsia disso estar acontecendo agora com outra criança e meu relato ajudar -, o tempo passou, minha mãe conheceu e vive bem com outro homem, meu pai seguiu a vida dele e só uma pessoa de todas as envolvidas não teve chance, pitoquinha que era, de dar a volta por cima e sair inteira do que houve: eu.

O que pra eles foi um episódio - doloroso, sim, mas um episódio - pra mim foi uma dor de 34 anos e que sei que vai pro caixão comigo. Pelo que a raiva fez com minha mãe, perdi meu pai e me perdi. E mais: não consigo hoje olhar pra minha mãe, mesmo entendendo a dor dela, sem culpá-la e ter por ela a mesma raiva que senti dele.

É como se eu seguisse sendo criança à procura do entendimento que não tive e merecia ter. Então, por favor, pai ou mãe com raiva, ferido, de repente trocado, abandonado, inconformado, eu falo em nome desse pequeno ou dessa pequena que não pode falar: eu SEI que dói, eu SEI que dá raiva do outro, eu SEI que a gente se sente debaixo do cu do cachorro (ou do gato, já que que é de gatos que se fala aqui), eu SEI de tudo isso e respeito e te abraço e te dou um beijo, mas preciso dizer: não façam com que um instante de raiva destrua a autoestima de quem vocês botaram no mundo e amaram tanto por tanto tempo até de repente se negarem a ver o mal que estão causando ou prestes a causar.

Rose disse...

Puxa vida, quanta dor a de Aurélio! Estou do outro-outro lado. Sou a mulher que se casou com um homem que já tinha dois filhos de outra relação. Hoje, eles tem 20 e 25 anos, respectivamente. Mas na época, um tinha 5 e o outro tinha meses e passaram por exatamente o que Aurélio descreveu. Foram anos de muita tristeza, para todos, mas principalmente para as crianças, que simplesmente não compreendem a razão pela qual derepente são obrigadas a odiar o pai (no nosso caso), qual a razão de amar o pai passar a ser quase um crime. Meu enteado, criança de tudo, 5 ou 6 anos, pedia que não se contasse à mãe que ele amava o pai. Vejo em nossa família exatamente o que Aurélio descreveu. A mais velha tomou integralmente o lado da mãe e a relação com o pai tornou-se complicada, distante e difícil. Mesmo hoje não é uma relação aberta e tranquila. O passado pesa sobre ambos. O mais jovem, por praticamente ter nascido no novo status quo aprendeu a viver nele, aprendeu a distinguir situações, emoções e pessoas e ao final, com 13 anos, decidiu que queria morar com o pai e esporadicamente visita a mãe. É muito triste quando justamente aqueles que deveriam zelar pela segurança e pelo equilíbrio das crianças as traem.
Beatriz, Gatoca virou blog de análise! :-)

Beatriz Levischi disse...

E tem matéria sobre o assunto no forno!

Arielly disse...

Passei por situações parecidas com a que o pessoal falou aqui em cima. Desde que eu era bebê meus pais se separaram e eu só fui conviver com meu pai mesmo lá pros 5 anos de idade, porque minha mae não deixava meu pai me ver. Eu me lembro (mesmo pequena) que minha mãe falava muitas coisas ruins sobre meu pai e quando eu efetivamente tive um contato com ele, minha impressão foi que ele era um homem muito mau. Depois de uma briga judicial enorme, meu pai conseguiu o direito de me ver e aí todo fim de semana eu ia pra casa dele; nesse meio tempo eu pude notar que o que minha mae falava sobre meu pai era bobagem e que ele era um cara super bacana. Depois de alguns anos meu pai se casou e aí a vida virou um inferno novamente, porque minha mãe (e o resto da minha família) falavam super mal da minha madrasta e do meu pai e novamente, por eu ser muito criança, criei uma imagem ruim dela também e me distanciei muito dos dois. Há dois anos atrás tive um desentendimento muito grande com minha mae, que nada teve a ver com meu pai, mas a pessoa que mais se mostrou do meu lado foi minha madrasta, tanto com relação à mudança que eu tive que fazer na minha vida, como com relação ao meu contato com meu pai. Foi ela que fez nosso contato crescer, ela que fez nossa relação ficar bem melhor; ela conseguiu colocar na cabeça dele que ele precisa estar ao meu lado, independente da situação. Eu nunca esperei algo do tipo dela, mas hoje a vejo como uma mãe, pois ela consegue me dar todo o apoio e amor que minha mãe, infelizmente, não conseguiu. No fim, minha mãe tentou me afastar de todo mundo, mas acabou me afastando dela mesma. Ela ainda não gosta muito do meu pai ou da minha madrasta, nem da minha família paterna.

Isis Mastromano disse...

Olha, li com atenção todos os posts. Tudo volta a tona, sabe? Como disse o Aurelio, a cabeça entende, mas o coração nunca consegue entender. Quando pai ou, geralmente, mãe não têm auto-estima transformam a experiência familiar em um grande e eterno castigo. Pois está nesta grande falta de auto-estima a raiz das maldades.